A empatia do público pernambucano com Tatuagem, estreia na direção de Hilton Lacerda, foi instantânea, como era esperado. O filme abriu a mostra competitia do Janela Internacional de Cinema do Recife, no São Luiz, com cinema lotado.
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Tatuagem vive um ótimo momento e é o destaque da safra 2013 do cinema pernambucano – que tem ainda Amor, Plástico e Barulho como nome forte. O longa estrelado por Irandhir Santos venceu prêmio de melhor filme no Festival de Gramado e ganhou troféus em Brasília e no Festival do Rio. Na sua estreia no Recife contou com um público que se reconhece nas gírias, expressões e situações expressas na tela.
O longa conta a história de Clécio, o líder do grupo de teatro Chão de Estrelas que se relaciona com o jovem soldado Fininha (o estreante Jesuíta Barbosa, que está ótimo). A trama se inspira livremente no coletivo Vivencial Diversiones, que chamou atenção no underground pernambucano no final da década de 1970. Roteirista de longas como O Baile Perfumado (1997) e A Febre do Rato (2011), Hilton Lacerda criou uma narrativa com muita reflexão, metáforas, mas também muito engraçada, debochada, fazendo jus às apresentações do Vivencial.
Destaque para a música “Tem cu, tem cu”, que fica preso à cabeça após sair da sala de cinema. Ou na performance de Rodrigo Garcia, que interpreta Paulette, um ator pintosíssima que contagia todo mundo toda vez que entra em cena. Ambientado em plena Ditadura Militar, é um longa que se comunica bem com os dias atuais em que a repressão oficial volta ao cotidiano do país. Apesar de seu tom político, o caso de amor que a maior parte da plateia do Janela teve com o filme foi pelo modo como mostrou as relações afetivas, seja entre amigos, entre Clécio e seu filho pequeno e claro, do amor com Fininha.
Poucos filme brasileiros foram tão ousados na forma como mostraram o sexo gay. Hilton mostrou cenas bem delicadas, sem pudor e também sem aquela plasticidade fake e sem veracidade que vemos em muitos filmes. Foi algo realista, mas com plasticidade. Na abertura, Hilton falou que é preciso olhar mais atentamente para o cinema pernambucano. “Me perguntam se meu filme tem apelo comercial. Não ligo para isso, pois Tatuagem é um longa que não faz concessões, mas acho que ele envolve quem assiste. Vocês irão querer ver de novo quando estrear em circuito comercial”, falou. Ele elogiou a equipe do longa. “Eu poderia fazer sexo com cada um de vocês a qualquer hora e durante muito tempo”.
Tatuagem estreia em circuito nacional dia 15 de novembro. Na terça, ele será reprisado dentro do Janela de Cinema, no Cinema da Fundação. Terá debate após a exibição com a presença de Hilton Lacerda, Angela Prysthon e Alexandre Figueirôa, editor da Revista O Grito!