James Blake se afasta do tom dark e chega mais solar no novo “Assume Form”

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Estávamos meio que acostumados a adentrar um abismo de sonoridades fantasmagóricas e produções soturnas nos discos de James Blake. Seus trabalhos traziam um tom lúgubre, mas com muitas inovações estéticas e com surpresas a cada audição. Seu quarto disco, Assume Form, abandona um pouco essa pecha de “música triste” para lançar um olhar um pouco mais solar para diversos assuntos.

O que se mantém intacto, entretanto, é o modo vulnerável com que se abre nas letras e também as experimentações que propõe dentro da música eletrônica. Assume Form se apresenta como um novo Blake já pelos colaboradores: nomes como Travis Scott, André 3000 (do Outkast) e o fenômeno espanhol ROSALÍA estão presentes. Vale lembrar que Blake se tornou um queridinho das feats nos últimos anos, aparecendo em trabalhos de Kanye West, Kendrick Lamar, entre outros.

A sensação é que temos um artista mais livre e disposto a deixar um pouco de lado suas fórmulas para se permitir diferentes tons. Sua linda voz de falseto e as interpretações pesadas ainda seguem por aqui (“Mile High”, “I’ll Come Too”), mas já vemos um interpretação bem mais “pra cima” e otimista, como em “Can’t Believe The Way We Flow”. O músico adentra agora um espaço da intimidade. Se em discos anteriores ele discorria sobre temas mais abertos, aqui ele se permite falar sobre relacionamentos, perdão, gratidão.

É um espaço novo e talvez por isso temos um trabalho bastante irregular. Despido de suas fórmulas e de sua zona de conforto, o trabalho não consegue gerar lindezas pop ao nível de “Overgrown” e “My Willing Heart” (de The Colour In Anything, de 2016) ou “Retrograde”, de Overgrown, 2013. A esperar o que mais deve sair dessa nova fase.

JAMES BLAKE
Assume Form
[Polydor, 2019]
Produzido por Allen Ritter, Dan Foat, Dominic Maker, Dre Moon, James Blake, Metro Boomin & Wavy

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