O cineasta iraniano Jafar Panahi passou a integrar, no último sábado (24), o restrito grupo de artistas que receberam os principais prêmios dos três maiores festivais internacionais de cinema: a Palma de Ouro em Cannes, o Urso de Ouro em Berlim e o Leão de Ouro em Veneza. Apenas outros três nomes alcançaram essa marca: Henri-Georges Clouzot, Michelangelo Antonioni e Robert Altman.
Panahi recebeu a Palma de Ouro com o longa It Was Just an Accident, exibido na competição oficial do Festival de Cannes deste ano. O filme acompanha Vahid, interpretado por Vahid Mobasseri, que sequestra um homem com uma prótese na perna por acreditar que se trata de um ex-torturador responsável por sua prisão. Ao longo da narrativa, ele busca a confirmação da identidade do sequestrado junto a outros sobreviventes. O júri, presidido pela atriz Juliette Binoche, justificou a escolha destacando a dimensão ética e reflexiva do trabalho.
Nascido em 1960, em Minaeh, no Irã, Jafar Panahi estudou cinema em Teerã e trabalhou como assistente de direção de Abbas Kiarostami em Através das Oliveiras (1994). No ano seguinte, dirigiu seu primeiro longa-metragem, O Balão Branco (1995), que recebeu a Caméra d’Or no Festival de Cannes.
Ao longo das décadas seguintes, Panahi dirigiu obras que abordam aspectos sociais e políticos da sociedade iraniana. Entre seus títulos mais conhecidos estão O Espelho (1997), O Círculo (2000), Ouro Carmim (2003), Fora do Jogo (2006), Isto Não É um Filme (2011), Táxi Teerã (2015), 3 Faces (2018) e Sem Ursos (2022).
Mesmo sob restrições impostas pelo governo do Irã, Panahi continuou filmando. Em 2010, foi condenado a seis anos de prisão e proibido de realizar filmes, viajar ou conceder entrevistas por um período de 20 anos. Apesar disso, produziu parte de sua obra de maneira independente, fora dos circuitos oficiais do país.
Além da Palma de Ouro conquistada em 2025, Panahi venceu o Leão de Ouro por O Círculo (2000) e o Urso de Ouro por Táxi (2015). A conquista o insere em uma lista junto aos seguintes realizadores:
- Henri-Georges Clouzot: Leão de Ouro por Manon (1949), Palma de Ouro e Urso de Ouro por O Salário do Medo (1953);
- Michelangelo Antonioni: Urso de Ouro por A Noite (1961), Leão de Ouro por Deserto Vermelho (1964), Palma de Ouro por Blow-Up (1967);
- Robert Altman: Palma de Ouro por MASH* (1970), Urso de Ouro por Buffalo Bill and the Indians (1976), Leão de Ouro por Short Cuts (1993).
