Os quadros de Ismael Caldas (1944-2016) falam “por si próprios”, definiu o ceramista, pintor e escultor Francisco Brennand (1927-2019) ao discorrer sobre o trabalho do conterrâneo. A definição de Brennand está em uma de suas cartas para Ismael, a quem considerava o maior pintor pernambucano. Escrita em abril de 2003, a correspondência integra o livro de arte Ismael Caldas, publicado pela Cepe Editora, em parceria com o Instituto Raul Córdula.
Organizador do título, o crítico de arte Raul Córdula, já na primeira linha do texto de abertura, crava uma das razões dos quadros de Ismael falarem “por si próprios”. Segundo ele, “a pintura de Ismael Caldas é uma expressão do insólito, isto é, do incomum, do infrequente, do anormal, pois ela trata da procura pelo outro lado da beleza”.
Com 240 páginas e edição bilíngue (português e inglês), o livro reúne 159 fotografias de quadros assinados por Ismael Caldas e artigos sobre a sua obra escritos por Córdula, José Antonio (Totonho) Sales de Melo, engenheiro e amigo de Ismael, e pela curadora Joana D’Arc Lima. Além disso, estão inclusos textos de autoria do próprio artista plástico.
Nascido em Garanhuns, em 1944, e com carreira projetada no Recife, Ismael Caldas, segundo Raul Córdula, retratou de modo particular a época em que viveu, levando para as telas temas do cotidiano e personagens da política nacional. Ao optar por esse caminho, o artista criou imagens disformes de generais, em alusão à ditadura civil-militar (1964-1985).
Ao todo, Ismael participou de 33 mostras, salões e bienais, de 1966 a 2010. A lista dos eventos está no livro, organizada com base nos registros deixados por Ismael. A publicação também possui um levantamento dos quadros apresentados pelo artista em exposições e a relação de artigos de jornais sobre a obra do artista.