A intervenção urbana Corpo e Pedra, do artista e estilista Beto Normal, repagina, através de figurinos afrofuturistas, as esculturas existentes na Praça da República, Bairro de Santo Antônio, no Recife. As estátuas, que representam deusas greco-romanas, símbolos do eurocentrismo, produzidas em 1863 pela fundição francesa J.J. Ducel et Fils e assinadas pelo escultor Eugène-Louis Lequesne, ganharão novas vestimentas a fim de subverter a representação existente nos espaços públicos da cidade para os corpos pretos.
As deusas Ceres, Diana, Diana de Gabis, Flora, Juno, Minerva, Níobe, Vesta e Têmis, darão lugar para divindades afro-brasileiras. Com o uso de suportes, como o bastidor para bordado, e de diversos materiais, como sacos de cimento, embalagens de café Mellita e resíduos têxteis, através da técnica da moulage, Beto criou em uma escala não humana peças inspiradas por Oxalá, Oxum, Xangô, Ogum, Oxumaré, Iansã, Yemanjá, Oxossi, Exu e na Pomba-Gira.
O Monumento aos Heróis da Revolução de 1817, criado por Abelardo da Hora, em 1974, e a estátua em homenagem ao conde Maurício de Nassau, doada em 2004 pelo Governo da República Federal da Alemanha ao povo pernambucano, presentes na praça, também participarão da exposição.
O lançamento de Corpo e Pedra acontecerá nesta sexta-feira (16), a partir das 18h00, contará com a participação especial do coletivo Slam das Minas PE que fará uma performance poética, de vivências preta periféricas com mulheres e travestis. Antes disso, ás 16h00, a Com Acessibilidades fará a audiodescrição ao vivo da intervenção urbana para o público com deficiência visual.