A exposição fotográfica Inhamã: Vozes Ancestrais no Caminho das Águas intersecciona resistência, ancestralidade e futuro a partir de retratos de mulheres pretas. A abertura é nesta terça-feira (7), às 19h, no Centro de Promoção dos Direitos da Mulher Marta Almeida, no Bairro do Recife. A mostra integra a programação do Festival Cultural Inhamã – Vozes Afro-Indígenas e segue para Olinda e Igarassu até o fim de outubro. A entrada é gratuita.
Com curadoria de Mariana Bernardo e fotografias de Victor Tallison, a exposição reúne retratos de Avani Santana, Bárbara Regina, Salamandra, Roberta Pontes, Laudijane Domingos, Tia Biu e Mãe Beth de Oxum. As imagens abordam temas como resistência, ancestralidade e re-existência, conceito definido pela pensadora Leda Maria Martins.
“A exposição é muito mais que um conjunto de retratos. É a materialização de um Brasil que não cabe nos mapas oficiais, mas que pulsa no batuque, no cuidado, na fé e na luta cotidiana de nossas mulheres. Cada rosto exposto aqui é um espelho do país real – preto, feminino, indígena, ancestral – que insiste em florescer mesmo sob o peso da opressão”, disse Laudijane Domingos, coordenadora geral do Festival Inhamã e uma das mulheres retratadas nas fotografias. “Ao reunir essas histórias, mostramos que o futuro não é uma promessa distante: ele já está sendo gestado agora, pelas mãos dessas mulheres que transformam dor em potência e resistência em beleza. Essa exposição é um convite à escuta, ao reconhecimento e à construção de um amanhã onde justiça climática, memória e dignidade caminham juntas”.
A mostra propõe uma leitura visual sobre mulheres que atuam na preservação de saberes e práticas culturais afro-indígenas. Segundo Laudijane Domingos, coordenadora do festival e uma das retratadas, os rostos expostos representam um país que não está nos mapas oficiais, mas que se manifesta no cotidiano das comunidades.

A exposição será exibida em três cidades da Região Metropolitana do Recife. Após a capital, segue para Olinda, no Ilê Axé Xangô Ayrá Igbonã, de 14 a 16 de outubro, e depois para Igarassu, no Centro de Artes, de 21 a 25 de outubro.
O Festival Inhamã é uma ação prévia à COP 30, que será realizada no Brasil em 2025. A iniciativa é co-realizada pela UBM Brasil e pelo Instituto Toró, com apoio da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), Governo Federal, Ministério da Cultura e Governo de Pernambuco.
Além da exposição, o festival promove ações voltadas à igualdade de gênero, justiça climática e fortalecimento da cultura afro-indígena. Entre as atividades previstas estão a implantação de núcleos comunitários de defesa civil e a realização do evento com selo carbono neutro.
A proposta do festival é ocupar espaços urbanos com narrativas que conectam memória, território e natureza. A curadoria destaca que as imagens não apenas registram, mas constroem sentidos sobre o papel das mulheres na formação social e cultural do país.


