Estreia Muganga, primeiro EP de IDLIBRA, projeto musical da artista pernambucana Libra Lima. Com caráter experimental, o trabalho explora a diversidade e a versatilidade das referências musicais da artista. A tracklist propõe uma experiência densa passeando por ritmos ardentes, com vocais de MC’s do Bregafunk, cantoras de R&B, samples de grandes nomes da música eletrônica e as essências dos movimentos Funk BR e da cultura Ballroom.
De origem da língua Quimbundo, do noroeste da África, a palavra “Muganga” faz parte do vocabulário recifense já que a cidade é sede do primeiro porto transatlântico entre as Américas do país. Tal fato comprova a imersão de vários termos africanos na linguagem cotidiana como consequência do forte processo da diáspora africana nas terras da capital pernambucana.
A partir da mistura cultural, a palavra se torna um adjetivo para alguém que tem trejeitos estranhos, característica que sempre perseguiu a vida de IDLIBRA a partir da visão dos outros. Com o EP, o termo se transforma num instrumento de empoderamento e potência.
‘‘Eu nunca tive medo de experimentar com as possibilidades que existem em comandar uma pista de dança, mas colocar um trabalho autoral pro mundo é outra coisa. Só agora me sinto pronta pra decodificar essas texturas e criar algo que seja realmente meu, expondo o processo atual de uma pesquisa que continua infinitamente em aberto,’’ conta IDLIBRA.
IDLIBRA, artista e pesquisadora na cena musical
IDLIBRA é o projeto musical da artista transdisciplinar pernambucana Libra Lima, que atua tanto no cenário musical como em produções cinematográficas. Co-fundadora da coletiva SCAPA e curadora do palco Kamikaze do Festival Coquetel Molotov, IDLIBRA é DJ desde 2016 e atualmente é artista residente da festa Nbomb e dupla de apresentação da cantora pernambucana Uana.
Quanto pesquisadora, têm tentado mapear as sonoridades oriundas de coletividades racializadas e dissidentes pelo mundo, tendo a experiência da pista de dança como ambiente de experimentação do encontro e desencontro entre essas geografias sonoras.
A música eletrônica é base seleções da DJ que flertam com vertentes do Afrobeat, Vogue, Techno e as mais variadas vertentes do Funk Brasileiro, sempre buscando vestígios que resgatam marcas de ritmos afro e latinos. A artista já passou pelos principais festivais do seu estado como MecaBrennand, Guaiamum Treloso, Festival Recbeat e WEHOO, e em várias cidades pelo Brasil como São Paulo, Salvador, Fortaleza, Natal e Maceió. Assinou a trilha sonora de algumas peças de teatro, como a obra ‘‘Salto’’ do grupo Bote de Teatro e ‘‘Mar Fechado’’ do grupo Agridoce, e está presente no Álbum Menga Deluxe do artista pernambucano Afroito.
Em 2022, fez sua primeira turnê europeia e passou por países como Alemanha, Estónia e Portugal, protagonizando a música eletrônica brasileira e as possibilidades de interseção entre as mais variadas linguagens sonoras.
Ouça Muganga: