Alguns dos discos de rap lançados em 2015 (até agora) que merecem nossa atenção.
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EARL SWEATSHIRT
I Don’t Like Shit: I Don’t Go Outside
[Sony, 2015]
Depois do ótimo Doris (2013), Earl Sweatshirt retorna com mais um disco bastante pessoal, onde se reconcilia com seu passado e desnuda as pressões da fama. É uma continuação direta do álbum anterior, onde ele tratava das ansiedades da chegada ao mundo adulto, a relação com sua família e o papel do hip hop na sua comunidade. Aqui, Earl se firma como poeta, seguindo a trilha de seu pai, o ativista sul-africano Keorapetse Kgositsile. Nascido Thebe Neruda Kgositsile, Earl é um dos nomes mais brilhantes do rap mundial hoje. Com apenas 21 anos, traz uma densidade às letras e batidas que o colocam na linha de frente das inovações do hip hop. Este I Don’t Like Shit: I Don’t Go Outside é mais cru e ríspido que o anterior, com faixas mais pop. Mas ainda é uma pedrada na cara e uma grata evolução de Earl como compositor e MC. NOTA: 8,0
GHOSTFACE KILLAH
Sour Soul
[Lex, 2015]
Disco de estreia da colaboração do famoso rapper Ghostface Killah e o grupo de jazz de Toronto BADBADNOTGOOD, o álbum traz diversas colaborações como Danny Brown, DOOM e Tree. Com tantos nomes de peso e altas expectativas, o disco tinha tudo para dar muito certo, mas não conseguiu aproveitar todas as oportunidades apresentadas. Além de faltar inspiração às letras, falta também viço nas experimentações trazidas pelos canadenses. Killah chegou aqui sem mira e sem foco: é um disco que parece perdido em meio às pretensões que tomou para si. Serve para fãs. Está longe de ser o clássico que aguardávamos. NOTA: 5,5
TYLER, THE CREATOR
Cherry Bomb
[Sony, 2015]
Neste terceiro disco de estúdio do rapper Tyler, The Creator, um dos membros mais famosos do coletivo Odd Future, temos a velha pretensão de ser a ovelha negra do hip hop. Tyler segue vendendo a esquisitice como diferencial em seu som. Que tal desconstruir diversos estilos e jogá-los de uma maneira que pareçam divertidos? Noise-rock, industrial, eletrônica, tudo aparece de maneira caótica (no mal sentido). Nem o time de primeira linha contribui para o sucesso do álbum: Kanye West, Lil Wayne, Schoolboy Q, Pharrell Williams, Toro Y Moi e até Cole Alexander do The Black Lips foram chamados. Tyler, que já tentou ser o garoto-problema do rap, com letras misóginas e homofóbicas, agora falha em soar como visionário. Tentou se aproximar em algo parecido com o que faz o Death Grips, mas falta ousadia estética e autenticidade. Um dos piores discos de hip hop de 2015. NOTA: 2,5
ACTION BRONSON
Mr. Wonderful
[Atlantic, 2015]
A estreia em um disco de estúdio deste rapper novaiorquino foi uma das melhores surpresas deste ano. Bronson conseguiu manter seu estilo mesmo com as amarras conhecidas de uma grande produção por uma major. Mais ainda: fez um álbum cheio de hits que caberiam bem em qualquer rádio mainstream. É o caso, por exemplo de “The Rising” e “Terry”, que fazem jus à trajetória do músico e devem tanto agradar fãs antigos como angariar alguns novos. Não é o melhor trabalho de Bronson até aqui, mas destoa do seu estilo. NOTA: 7,0