DEMÔNIO REVIVE
Encalhes de luxo lançados pela Mythos ajudam a criar uma biblioteca consistente de Hellboy no Brasil
Por Matheus Moura
HELLBOY – EDIÇÃO HISTÓRICA VOLUME 1 – SEMENTES DA DESTRUIÇÃO
John Byrne e Mike Mignola (Texto) e Mike Mignola (Arte)
[Mythos, 128 págs, R$ 49,90]
Fetiche de colecionador: o cheiro de tinta que exala das páginas de uma HQ. Esse “prazer” é marcante no álbum Hellboy – Edição Histórica Volume 1 – Sementes da Destruição. A Mythos Editora não poupou esforços em apresentar ao leitor um material de qualidade à altura da importância e da data comemorativa do personagem, pois a criatura mais conhecida e influente de Mike Mignola, em 2008, completou 15 anos. Coincidentemente, no mesmo ano que foi lançado o segundo longa metragem.
No encadernado da Mythos, como já dito é de alta qualidade e assim como outras edições comemorativas, é um relançamento. A boa ideia da editora foi aproveitar o aniversário, a popularidade adquirida com os filmes e seus encalhes para poder re-editar esse material. Engana-se quem pensa estar sendo passado para trás. Há vários extras que eliminam esta sensação e dão uma atualizada na obra, já que há duas micro-histórias inéditas dentre os bônus, fora a tradicional galeria, já há muito conhecida por aqueles que acompanham o personagem no Brasil.
O arco é o primeiro de Hellboy, como não poderia deixar de ser. Nele é apresentado o herói, o que ele faz, deixa de fazer, como vive, sua personalidade, seus colegas – esses são algumas dos temas tratados aqui. O mais legal é o contraponto com o primeiro filme. Tanto na HQ como na película, a explicação do surgimento do demônio vermelho na Terra é igual. Difere em algumas partes – na verdade várias partes. Claro que na HQ a história é mais bem contada e explorada, tendo o filme resumido e dramatizado a coisa toda. Assim como grande parte do que é adaptado por Hollywood. O ponto positivo do filme é ser dirigido por quem foi e com auxílio do próprio Mignola.
Voltando à HQ. Aqui o leitor se depara com uma caçada a seres anfíbios, que lembram o monstrengo do primeiro filme, o Samael. Há a morte do “pai” do garoto-infernal e o conflito com o amor platônico. O ponto alto é o discurso final e o clima dark em toda a obra. Se levar somente o que é passado no filme, o leitor/telespectador nunca pensará que se trata de uma obra de terror. A inclusão e o abuso da mitologia também enriquecem bastante a obra em seu contexto geral. Criaturas como Sadu-Hem, são uma clara referência as obras de H. P. Lovecraft, não só ele, mas todo o horror cósmico usado por Mike Mignola.
Sem dúvida este encadernado é uma excelente maneira de dar início a coleção de Hellboy.
NOTA: 8,5