As forças de segurança de Israel detiveram nesta segunda-feira (24) o palestino Hamdan Ballal, codiretor do documentário Sem Chão, vencedor do Oscar de Melhor Documentário. A prisão ocorreu em uma ambulância, onde Ballal recebia atendimento médico após ter sido brutalmente agredido por um grupo de colonos israelenses na região de Masafer Yatta, no sul da Cisjordânia ocupada por Israel.
- Leia mais: 5 Livros para entender a questão palestina
Segundo o cineasta israelense Yuval Avraham, que também dirigiu o filme, Ballal sofreu ferimentos na cabeça e no estômago. “Ele sangrava quando os soldados invadiram a ambulância e o levaram. Desde então, não há qualquer informação sobre seu paradeiro”, denunciou Avraham em suas redes sociais.
O documentário Sem Chão (No Other Land) retrata a destruição de vilarejos palestinos na região de Masafer Yatta, na Cisjordânia, sob ocupação israelense. Além de Ballal, o filme foi codirigido por Basel Adra, Yuval Abraham e Rachel Szor. O longa-metragem acompanha cinco anos de registros da demolição de casas e da luta da população local contra os despejos forçados.
Ataque de colonos e colaboração militar
De acordo com o jornal espanhol El País, testemunhas relataram que cerca de 15 colonos radicais invadiram a comunidade palestina logo após o iftar – a refeição que quebra o jejum diário durante o Ramadã. Alguns estavam mascarados e portavam armas como facões, paus e fuzis. O grupo lançou pedras, destruiu um reservatório de água e atacou o veículo de Ballal.
Masafer Yatta, onde ocorreram os ataques, é uma área rural palestina alvo de uma política sistemática de deslocamento forçado por parte do Estado de Israel. Há quase dois meses que a região tem sido palco de violência constante por parte de colonos israelenses, que buscam expulsar a população local com o apoio das forças de ocupação.
Até o momento, o governo de Israel não se pronunciou sobre a prisão de Hamdan Ballal. O caso gerou comoção internacional, especialmente entre organizações de direitos humanos e no meio cinematográfico, que veem a detenção como uma retaliação ao trabalho do documentarista, cujo filme denuncia as violações cometidas na Cisjordânia.
Atualização: O texto foi alterado para mudar o verbo da chamada e do texto para “raptado”, em vez de “preso”. O termo “prisão” pressupõe que existe um processo legal bem delimitado, o que não parece ser o caso com as informações que estão disponíveis.