Gang do Eletro
No Embalo do Tecnobrega
Deck, 2025 | Gênero: Tecnobrega; Eletrônica
O Brega enquanto gênero musical tem recebido nos últimos anos o reconhecimento por décadas de criatividade e inovações técnicas e estéticas. Um fenômeno que conseguiu superar fronteiras regionais, alcançando audiências por todo o país e servindo como referência direta para o pop brasileiro, fato bem exemplificado em projetos como Batidão Tropical, de Pabllo Vittar. Em meio ao momento de maior expansão do Brega, a Gang do Eletro – um dos nomes precursores do movimento no Norte – retorna com um novo álbum, No Embalo do Tecnobrega, o primeiro em 10 anos.
Como fica evidente no título, o próprio tecnobrega é o tema do álbum e as faixas falam sobre as festas onde o ritmo toca ou como se dança, mas ainda de forma bastante lúdica, sem abordar, por exemplo, as raízes periféricas do ritmo ou sua relação com a cultura nortista, mesmo que esse seja um tema amplamente discutido pelos próprios membros do grupo publicamente. Este é um disco essencialmente escapista e celebratório do gênero.
Fugindo da pegada festiva, “Eu Me Amo” elabora um pouco mais na composição e entrega uma boa história sobre término e superação, outro tema popular do gênero que não foi tão explorado no disco. Em relação à produção, No Embalo do Tecnobrega não deixa a desejar. O quarteto paraense tem um jeito especial de fazer um gênero com fortes raízes regionais dialogar com o experimentalismo e a música eletrônica, como fica evidente na última faixa do álbum, “Renascer”.

A Gang do Eletro indiscutivelmente tem legitimidade e autoria quando o assunto é tecnobrega, não só por sua contribuição na construção e disseminação do ritmo, mas também pela personalidade e visão do grupo com a sua música, algo que fica inscrito nos seus trabalhos.
E embora o álbum privilegie a leveza e a celebração em vez de discussões mais profundas, ele apresenta o tecnobrega de um jeito singular sem perder sua capacidade de fazer dançar, algo central para a Gang do Eletro.
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