TODOS QUEREM GAEL
Ator latino mais bem sucedido da atualidade, Gael García Bernal agora investe na carreira de diretor
Por Gilberto Tenório
Gael García Bernal é hoje o nome latino por trás de vários sucessos do cinema internacional. Poucos atores têm a capacidade de chamar tanta atenção nas telas quanto esse mexicano baixinho (1,68m de altura), de olhos verdes e sorriso irregular. Dono de beleza que une o delicado e o viril, Gael encanta onde quer que sua atuação se faça presente.
Filho de pais atores e formado pela Central School of Speech and Drama of London (cidade na qual viveu durante alguns anos), Gael já estrelou mais de uma dezena de longas. O início da carreira foi na TV, onde participou de várias novelas, incluindo aí (acreditem!) a mexicana “Vovô e Eu” – que no Brasil foi transmitida pelo SBT. Após algumas incursões televisivas, ele começou a investir no cinema, conseguindo se destacar no cult Amores Brutos (2000), longa de Alejandro González Iñarritu que o catapultou internacionalmente. Depois dessa bem sucedida experiência, o ator trabalhou com outro expressivo diretor mexicano, Alfonso Cuarón, e viveu em E Tua Mãe Também (2001), um visceral triângulo amoroso com direito a toques homoeróticos.
Cenas de E Sua Mãe também (2001) e Má Educação (2004)
O sucesso já era uma realidade quando esse mexicano de 28 anos foi chamado para integrar o elenco de O Crime do Padre Amaro (2002) – adaptação para a telona do romance do escritor realista portugûes Eça de Queiroz. O resultado deixou a desejar e o longa não alcançou o sucesso esperado, porém os convites para papéis interessantes não pararam. Foi apostando no talento de Bernal que o diretor brasileiro Walter Salles lhe entregou a responsabilidade de encarnar Che Guevara em Diários de Motocicleta (2004). O filme foi bem recebido pela crítica e público, ajudando a popularizar o artista no Brasil.
Pelas mãos de Pedro Almodóvar, Gael viveu o papel mais difícil. Em Má Educação (2004), o ator incorporou vários personagens obscuros, entre eles um travesti, e mostrou ao mundo uma ótima interpretação, além de uma beleza hiptonizante. A partir daí a entrada ao mercado americano foi inevitável. Participou do fraco The King (2005), em que dividiu a cena com Wiiliam Hurt, do ainda inédito por aqui The Science of Sleep (2006), de Michel Gondry e da super produção Babel (2006) – pretensioso longa do seu conterrâneo Alejandro González Iñarritu no qual a presença de Gael foi um dos pontos positivos.
Novas produções confirmam o prestígio de Gael
Bernal no lançamento de seu filme Déficit na Mostra de São Paulo
Gael García Bernal esteve no Brasil durante a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo para divulgar suas duas novas empreitadas cinematográficas. A primeira é O Passado, nova produção do diretor Hector Babenco. No filme Gael dá vida a Rímini, um jovem que separa da esposa após doze anos de relacionamento e que se vê perseguido – física e emocionalmente – pela presença da ex.
A outra “missão” do ator no festival foi lançar seu primeiro trabalho como diretor, o longa Déficit (2007). O filme traça um estudo dos conflitos de classes no México por meio de uma festa. Cristobal (Gael García Bernal) é um jovem rico que gosta de boas festas e hip hop. Ele tem planos de fazer um grande churrasco na casa de veraneio dos pais, mas sua irmã mais nova e os amigos hippies dela também pretendem passar o fim de semana na casa. A situação dá início a uma série de acontecimentos inusitados permeados pela diferença de classes. Apesar da recepção morna por parte dos jornalistas, Gael se disse satisfeito com o resultado do seu debut na direção.
A próxima participação de Gael no cinema é na adaptação de “Ensaio sobre a cegueira”, livro do célebre escritor português José Saramago. O filme, que ganhou o título de Blindness (2008), tem direção de Fernando Meirelles e conta com um elenco de estrelas que inclui nomes como Juliane Moore e Mark Ruffalo.
Longe de fazer o tradicional estilo latin lover, Gael vem firmando espaço ao estabelecer bons critérios para a escolha de seus trabalhos. O ator faz parte de uma geração que trouxe o cinema mexicano de volta aos debates e também ao encontro do público.