O documentário Para Vigo Me Voy!, que homenageia a vida e a obra do cineasta brasileiro Carlos Diegues, terá sua estreia mundial na edição de 2025 do Festival de Cannes, na França. O filme, dirigido por Lírio Ferreira e Karen Harley, será exibido na seleção Cannes Classics e integra a disputa pelo prêmio Olho de Ouro, dedicado ao melhor documentário do evento, que ocorre entre os dias 13 e 24 de maio.
A produção é assinada por Diogo Dahl, da Coqueirão Pictures, em coprodução com Globo Filmes, GloboNews, Raccord, Sinédoque e Dualto Produções. A distribuição nos cinemas será feita pela Gullane+.
Com uma abordagem que entrelaça elementos cinematográficos e pessoais, Para Vigo Me Voy! percorre seis décadas da trajetória de Diegues, evidenciando sua capacidade de capturar o espírito do tempo presente em suas narrativas. O filme apresenta trechos de sua filmografia entrelaçados com entrevistas concedidas ao longo dos anos, além de imagens inéditas de sua última filmagem, Deus Ainda É Brasileiro. Também estão incluídas uma sessão especial de Bye Bye Brasil na Favela do Vidigal, com a presença do cineasta, e um encontro com artistas que marcaram sua trajetória.

Carlos Diegues, que faleceu em fevereiro deste ano, durante a fase de montagem do documentário, teve presença marcante no Festival de Cannes ao longo da carreira. O cineasta esteve no evento com oito dos 17 longas que dirigiu sozinho, tendo participado da mostra competitiva com Bye Bye Brasil (1980), Quilombo (1984) e Um trem para as estrelas (1987).
Também integrou a Quinzena dos Realizadores com Os Herdeiros (1969), Joanna Francesa (1973) e Chuvas de Verão (1978), além de apresentar O Grande Circo Místico fora de competição, em 2018. Em 1981, foi membro do júri da principal mostra competitiva. Sua primeira participação no festival foi com Ganga Zumba, exibido na Semana da Crítica em 1964.
“Exibir Para Vigo Me Voy! em Cannes é levar novamente o espírito artístico do cineasta e celebrar sua obra, que começou nos anos 1960 com o curta Escola de Samba Alegria de Viver, que integrou o longa coletivo Cinco Vezes Favela, de 1962. Diegues foi um dos fundadores do movimento Cinema Novo, dirigindo em sua carreira 30 filmes entre longas e curtas”, informa a produção.

Para o produtor Diogo Dahl, o documentário é mais do que uma biografia cinematográfica: “O filme é uma grande aula de cinema brasileiro. São mais de 60 anos de cinema, atravessando a história do País, desde o Brasil Colônia. E não é apenas sobre Cacá. São muitos artistas que marcaram época. Para citar alguns, Antonio Pitanga, Jeanne Moreau, Zezé Motta, Marília Pêra, Sonia Braga, Antonio Fagundes, Wagner Moura e Jesuíta Barbosa; Moacir Santos, Chico Buarque, Jorge Benjor, Caetano e Gil.”
O codiretor Lírio Ferreira também comentou a respeito da estreia: “A minha expectativa é a melhor possível, mas o que importa mesmo é a grande homenagem ao Cacá Diegues e a trajetória dele no cinema nacional e internacional.”
Karen Harley, que trabalhou com Diegues como montadora em Tieta do Agreste (1996), destaca a relevância emocional e estética do projeto. “É um filme de delicada costura entre suas últimas conversas, seu último set como diretor, sua extensa e diversa filmografia e um vasto e inédito material de arquivo, no qual ele fala sobre questões relevantes sobre o Cinema e o Brasil em geral. Combina profundidade humana, relevância social e estética cinematográfica.”
A equipe técnica do documentário conta com montagem de Mair Tavares e Daniel Garcia, montagem final de Karen Harley e Lucílio Jota, fotografia de Loiro Cunha e produção executiva de Maria Fernanda Miguel. A trilha sonora inclui a música-título interpretada por Ney Matogrosso e o Pife Muderno, com produção musical de Carlos Malta.


