Quantas fragilidades e potências carregam um ser humano enclausurado? É diante desse ponto de reflexão que o curta-metragem pernambucano REDOMA revela-se enquanto obra produzida em meio ao isolamento social. Com direção de PV Ferraz, atuação do bailarino e coreógrafo Dielson Pessôa e trilha sonora do compositor Sam Nóbrega, o filme foi selecionado para mais de 20 festivais internacionais e agora estreia de forma presencial no Recife no dia 17 de maio, a partir das 19h30, no Teatro do Parque.
A sessão será acompanhada da performance inédita Corpo Quarentena, interpretada por Dielson e com trilha sonora do violoncelista Pedro Huff, além do debate com mediação do curador e roteirista Márcio Andrade. O evento é gratuito e conta com o apoio da Secretaria e Fundação de Cultura da Cidade do Recife – Edital do Recife Virado.
O curta – financiado pelo LAB PE 2020 – tem apresentado uma grande circulação nos festivais e mostras internacionais de cinema e videodança, somando até o momento 26 seleções oficiais. Entre os destaques, estão: o Lift-off Global Network (Reino Unido); 17º Festival de Artes Digitais de Atenas (Atenas – Grécia); Lisbon Film Rendezvous (Lisboa – Portugal); iF0’s: Latin & South American Competition (Flórida – EUA); Kalakari Film Festival (Dewa – Índia) e o Festival EntreTodos de Curtas e Direitos Humanos (São Paulo – SP).
Com uma estética minimalista, o filme une a linguagem cinematográfica, a expressão corporal e o som numa narrativa construída dentro do próprio apartamento do diretor. O ambiente subjetivo que traz a atenção para o corpo em cena é marcado pela ausência de diálogos, objetos e variedades de cor. “REDOMA surgiu da necessidade de falar sobre a experiência do isolamento. O medo abateu todo o mundo e o filme foi uma tentativa de, através da arte, dialogar com o tema. A trilha sonora funciona como um porta-voz daquele corpo, sublinhando sentimentos com texturas orgânicas e industriais”, conta PV Ferraz sobre o processo criativo do projeto.
Para o bailarino Dielson Pessôa, ex-integrante da renomada Companhia de Dança de Deborah Colker, o processo coreográfico do filme foi uma experiência fora da zona de conforto. “No palco, a dança contemporânea exige explosão e complexidade em termos de repertório de movimentos. E o REDOMA me trouxe esse grande desafio de reduzir a quantidade dos movimentos e encontrar uma intensidade conceitual e minimalista. Estamos falando de dor, de caos e de vida, vivências muito particulares sobre a pandemia, mas com gestos muito mais simples e profundos’, revela.
Produzido de forma remota, com exceção dos dois dias de gravação, o REDOMA chega às telas do cinema do Parque após dois anos de isolamento social. “Esse evento tem um forte valor simbólico por se tratar de uma exibição presencial de um filme realizado sobre e em isolamento. Unir público e equipe abre espaço para que possamos debater um tema vivenciado por todos, além de prestigiar a classe audiovisual que lutou para permanecer ativa nesses tempos de dificuldade”, pontua PV.
A sessão começa às 17h30, no Teatro do Parque. Ingressos no Sympla.