Festival de Veneza: brasileiro “Ainda Estou Aqui” leva prêmio de melhor roteiro e Pedro Almodóvar ganha o Leão de Ouro

O longa O Quarto Ao Lado, primeiro filme de Almodóvar gravado em inglês, venceu o prêmio principal do festival

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(Divulgação)

O filme brasileiro Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, venceu o prêmio de Melhor Roteiro na 81ª edição do Festival de Veneza, nesse sábado (7). A obra é inspirada na vida real de Eunice Paiva e sua busca da verdade sobre o seu marido desaparecido, o deputado Rubens Paiva.

O longa O Quarto Ao Lado, de Pedro Almodóvar, seu primeiro filme em inglês, levou o Leão de Ouro de Melhor Filme. O Leão de Prata, de melhor diretor, foi para Brady Corbet por The Brutalist. O Prêmio do Júri foi para Vermiglio, de Maura Delpero, enquanto o prêmio especial do Júri foi para April, de Dea Kulumbegashvili.

Nicole Kidman levou o troféu de Melhor Atriz por Babygirl, mas não pôde receber o prêmio por conta do falecimento de sua mãe. Vincent Lindon, de The Quiet Son, ganhou como Melhor Ator, enquanto Paul Kircher, por And Their Children After Them, foi escolhido como Melhor Ator Jovem.

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Os roteiristas Heitor Lorega (à dir.) e Murilo Hauser (à esq.), que venceram o troféu de Melhor Roteiro em Veneza. (Foto: Arquivo Pessoal/Reprodução Instagram).

Ainda Estou Aqui : “roteiro é uma argamassa

Por e-mail, os roteiristas comentaram a vitória no Festival de Veneza. “Estamos extremamente felizes com o lançamento do filme depois de tantos anos de trabalho em constante troca com colaboradores tão incríveis como a Fernanda [Torres], a Daniela [Thomas, produtora associada] e o próprio Marcelo [Rubens Paiva]. Nos lembrou da primeira reunião de pré-produção em que Walter [Salles] abriu com uma fala tocante sobre um filme ser sempre um processo coletivo. E isso ecoou muito conosco pois, afinal, esse prêmio é do filme, de todo o elenco e equipe, e do cinema brasileiro”, escreveram. “Dessa família que se juntou para contar essa história e que tornou ainda mais palpável a qualidade profundamente humana e existencial desse projeto. Estamos muito animados para estrear em casa e torcendo para que esse filme dê continuidade aos muitos diálogos e lutas que Eunice Paiva travou por direitos humanos ao longo de toda a sua vida”, comentam os roteiristas.

“Estamos muito felizes que Ainda Estou Aqui tenha sido premiado e reconhecido em Veneza”, disse o diretor Walter Salles. “Eram 21 filmes em competição, dos quais apenas sete se reencontraram hoje. É uma honra estar nesse lugar. O Prêmio de Roteiro abraça todo um filme, porque um roteiro é a sua argamassa. Nele, o Festival reconhece o trabalho destes roteiristas tão talentosos que são Murilo Hauser e Heitor Lorega, o livro incrível de Marcelo Rubens Paiva, a história de Eunice, Rubens e de seus filhos, e o nosso desejo de contá-la no cinema.
É, portanto, um prêmio de uma grande importância simbólica. Esse prêmio também é de cada ator que deu vida aos personagens do excepcional roteiro de Murilo e Heitor – a começar pela extraordinária Fernanda Torres. Foi um trabalho coletivo inesquecível para
todos nós que participamos dele”, comemorou.

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O diretor Walter Salles, diretor de Ainda Estou Aqui, em Veneza. (Foto: Fiorenzo de Luca/Divulgação).