REVITALIZANDO O PESO
A estreia da banda potiguar Far From Alaska segundo eles mesmos
Por Renata Arruda
Responsável por um dos melhores lançamentos nacionais do ano, a banda potiguar Far from Alaska ganhou visibilidade em 2012, após ser a vencedora do concurso Som Pra Todos, em que conseguiu um contrato de distribuição com a gravadora Deck e ainda emplacou um show de abertura no festival Planeta Terra, no mesmo ano, tocando no mesmo dia que o Garbage. A banda conseguiu chamar a atenção de Shirley Manson, que usou a fan page de sua banda para elogiá-los e ainda indicou o vídeo ao vivo de “The New Heal”, tocado durante o Costella Live Sessions. Na época, tudo o que eles tinham com essa formação era um EP, Stereochrome, cujo primeiro single, “Thievery” já chamava atenção do público e imprensa local. Mas seus integrantes não eram estreantes: Emmily Barreto (vocal), Cris Botarelli (synth, lap steel e voz), Edu Filgueira (baixo), Rafael Brasil (guitarra) e Lauro Kirsch (bateria) já eram veteranos na cena, vindo de bandas como Talma&Gadelha, Planant, Calistoga e Venice.
Foi em maio deste ano que a Far From Alaska finalmente apresentou seu primeiro álbum cheio, modeHuman, cujas quinze faixas abarcam todo o material composto pela banda. “A ideia, no início, era trabalhar somente com músicas inéditas até que no decorrer da gravação decidimos incluir as músicas do Stereochrome EP regravadas dentro da estética do novo álbum”, explica Eduardo Filgueira. “Essa inclusão foi muito pelo fato de que toda essa leva de músicas faz parte desse primeiro momento da banda, de surgimento, de formação de uma identidade, etc. Percebemos que todas as músicas contam um pouco sobre relações humanas e como muitas vezes são ilógicas, daí tudo se encaixou”.
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Indo na contramão do recorrente decreto da “morte do rock” (“Você já percebeu que é só gente mais velha que fala isso? Curioso, né?”, ironiza Cris Botarelli), a banda apresenta um som pesado e cativante difícil de rotular e tem a qualidade de ter identidade própria —inclusive, eles evitam citar influências diretas (embora já tenham declarado que elas passam por Queens of the Stone Ages, Jack White, Deftones, Bob Marley, Lady Gaga e Lana del Rey), afirmando que por vivermos em um mundo onde a informação é constante, tudo fica guardado no subconsciente, podendo aparecer sem intenção: “A menos que a banda esteja querendo fazer um tributo à uma banda que curta, ou copiar mesmo, é muito difícil definir ‘as influências’. (…) O mundo [é] caótico onde todo mundo vê tudo, lê tudo, escuta tudo. Quanto mais livre for sua relação com o conteúdo que você absorve diariamente, mais longe você vai conseguir chegar com sua criatividade na hora de compor e mais original vai ser o resultado”, defende Eduardo.
Na entrevista a seguir, Eduardo e Cris falam sobre essas questões e ainda contam sobre a concepção de modeHuman, suas impressões sobre as cenas de Goiânia, Rio Grande do Norte (“ambas têm uma forte cultura rock, muitos eventos, bandas e produtores dedicados a movimentar o rock” e São Paulo, cidade para onde estão se mudando (“Estar em um ponto mais central no Brasil facilita tocar em mais lugares e abre mais possibilidades”), sexismo (“Acho que ainda chama atenção, por não termos tantas representantes femininas no rock em relação à presença masculina, ainda em maioria esmagadora”) e contaram pela primeira vez o que motivou a letra de “Dino Vs Dino”: “fala de um amigo próximo de uma das meninas da banda e ele não sabe! Mas as pazes foram feitas e acho que a poeira já baixou o suficiente pra podermos contar!”. Pra ficar ainda mais completo, Cris ainda comentou faixa a faixa todas as outras músicas do álbum. Confira!
Poderiam comentar sobre a concepção e escolha do repertório de “modeHuman”?
Eduardo Filgueira – A ideia, no início, era trabalhar somente com músicas inéditas até que no decorrer da gravação decidimos incluir as músicas do Stereochrome EP regravadas dentro da estética do novo álbum. Essa inclusão foi muito pelo fato de que toda essa leva de músicas faz parte desse primeiro momento da banda, de surgimento, de formação de uma identidade, etc. As músicas chegaram ao estúdio de gravação 80% prontas, com exceção da música que dá nome ao disco, modeHuman, composta lá mesmo, na gravação, que conta uma pequena história de criador e criatura, um ser humano “ensinando” um robô a ser humano. Foi aí que percebemos que todas as músicas contam um pouco sobre relações humanas e como muitas vezes são ilógicas, daí tudo se encaixou. O álbum acabou sendo uma compilação de todas as composições da banda até então, nenhuma faixa ficou de fora.
Em tempos em que vira e mexe se declara a “morte do rock”, com análises que falam sobre como o gênero se tornou nicho e perdeu seu elemento transgressor, vocês chegam na contramão, crescendo cada vez mais — e ainda cantando em inglês. Como vocês analisam isso?
Cris Botarelli – Difícil. Odeio essa declaração, o rock nunca vai morrer. Aliás, ele continua se espalhando cada vez mais! Você já percebeu que é só gente mais velha que fala isso? Curioso, né? O que morreu é esse acesso limitado a bandas novas de outrora, que, por deixar o público na dependência da mídia, das gravadoras e etc, acabavam concentrando todo o foco no rock de antigamente e consolidando as lendas como Beatles, Hendrix, Led Zeppelin, etc… Com o tempo e o avanço tecnológico mais bandas foram surgindo, sendo conhecidas e reconhecidas como ícones e a música deixou de ter qualquer fronteira (que bom!). É por isso que acho que hoje não temos novas lendas e é por isso também que uma banda lá do Rio Grande do Norte consegue público no Rio Grande do Sul. O que temos são centenas de novos ícones para absolutamente todos os gostos, artistas incríveis compartilhando o público. Por isso, nem morto está e nem precisamos da “salvação do rock” (outra expressão que não sou fã haha) porque ele está muito bem obrigado, não precisa ser salvo.
Muitas bandas costumam deixar seus estados para viver principalmente em SP, onde dizem que há mais público, estrutura e facilidade de locomoção. O que acham disso? Ao mesmo tempo, li vocês dizerem que acham as cenas de Natal e Goiânia as melhores do Brasil. O que outros estados podem aprender com as cenas de Natal e Goiânia, na opinião de vocês?
Eduardo – Mais público? Acho que nunca dissemos isso. São Paulo é tão diverso quanto controverso. Eu não vejo uma movimentação grande da cena independente da cidade, por exemplo. Não vejo tantos festivais de bandas locais, pessoas consumindo com empolgação a cena… Não na proporção a que estamos acostumados em Natal, pelo menos, ou então não conhecemos o suficiente, o que também é possível. Agora, em relação à facilidade de locomoção, sim, de fato. Logística é realmente algo complicado (caro principalmente) pra nós, tanto que somos mais uma banda que está se mudando para São Paulo. Estar em um ponto mais central no Brasil facilita tocar em mais lugares e abre mais possibilidades. Quanto à Goiânia e Natal, ambas têm uma forte cultura rock, muitos eventos, bandas e produtores dedicados a movimentar o rock. É uma cena que vem sendo construída há muito tempo e que agora está dando mais frutos. Acho que essa é a principal característica destas cidades, o rock é um trabalho constante, independente de altos ou baixos, persistente contra tudo e todos. E os frutos são o ideal que toda banda gostaria: público atento, que consome sua música e não tem vergonha de curti-la, vai aos shows, vibra, acompanha, e sim: paga ingresso. Mas tudo é uma construção lenta, como disse e ao mesmo tempo uma desconstrução desse senso comum do brasileiro de valorizar mais o que é de fora da sua cidade, do seu estado, da sua região ou do seu país. Em Natal e em Goiânia, por exemplo, existe o emblemático caso de festivais super bacanas, já consolidados, por onde rodam bandas do Brasil inteiro e de fora, mas que entre os headliners têm presença certa as bandas locais, que, aliás, geralmente tem os shows mais bombados da noite.
O refrão de “Dino Vs Dino” me chama bastante atenção porque (ainda não sabendo do que se trata) de cara me remete a diversas situações onde mulheres muitas vezes são silenciadas, expostas ou duramente criticadas, enquanto homens são tratados com condescendência e empatia. Qual a história dessa letra?
Eduardo – Bom, como todas as letras do modeHuman, ela tem relação com alguma situação que já vivenciamos, mas são discretas o suficiente pra garantir uma interpretação aberta, o que é parte mais legal de tudo, comunicar de acordo com o interlocutor. Já enrolamos muito pra responder essa pergunta sobre Dino, pois fala de um amigo próximo de uma das meninas da banda e ele não sabe! Oops! Mas as pazes foram feitas e acho que a poeira já baixou o suficiente pra podermos contar! Então vamos lá: na verdade, Dino Vs Dino é uma briga entre dois amigos.Um homem e uma mulher. O primeiro verso contém as falas do homem, o segundo, da mulher.
E foi assim: Este homem acobertou um fato sórdido da vida de sua amiga durante muito tempo, sem qualquer julgamento ou implicação moral. Pelo contrário, tratava-o com total naturalidade (“you’re so nice”, he said to them a while ago). Em dado momento, no entanto, ele se viu em uma situação cuja revelação desse segredinho lhe traria benefícios. Apesar da amizade, então, iniciou um processo de alterar retroativamente, diante de amigos próximos em comum, sua postura perante os fatos presenciados por ele (“weird nights” rephrasing what he said before, twisting words, summoning everyone), do contrário, seria considerado também cúmplice. Como se pode imaginar, portanto, ao revelar o que sabia, não contou a história de forma íntegra e fiel ao acontecido. Daí tentando equalizar seu benefício com a manutenção da amizade que fatalmente se perderia, tenta justificar alegando que era sabido por sua amiga que guardar segredos não era uma qualidade sua, simplesmente lhe escapuliam as palavras (“you knew I couldn’t hold my words, even though I wanted to…”). A amiga traída, no entanto, conta sua versão “extended” da história, em que se percebe que não só o tal amigo não reprovou tais acontecimentos, como também os endossou e ainda fez parte deles (“you know you were a part of this”). Termina, assim, chateada e relembrando-o que em situações parecidas ela foi leal a amizade dos dois mesmo sem que a razão estivesse do lado dele (“I thought that I could trust in you, cuz when you did the same I was taken for a fool”), e espera, ironicamente, que o preço de atingir seu objetivo tenha valido a pena de perder uma amizade. Pronto. História contada. O mistério agora vai ficar por conta de que raio de fato é esse. E aí não dá pra contar se não uma das meninas vai presa. Brincadeira, gente, não tem crime envolvido não! (risos)
Falando sobre sexismo, ainda chama a atenção uma banda de rock liderada por uma mulher? Alguma de vocês se identifica com o movimento Riot Girl?
Cris – Acho que ainda chama atenção, por não termos tantas representantes femininas no rock em relação à presença masculina, ainda em maioria esmagadora. Quanto à identificação com movimento Riot Girl, especificamente em relação à música, não há tanta, mas não por nada. Nós apoiamos e endossamos o movimento feminista em geral, e sabemos que é uma causa e responsabilidade de todas nós, mulheres, combater e não compactuar com a ordem machista e heteronormativa vigente, mas pessoalmente nunca sofremos tanto com isso. E, entenda, temos total consciência de essa não é realidade da maioria das mulheres brasileiras. Pra gente, classe média, branquinhas, estudadas e apoiadas por papai e mamãe é tudo mais fácil. É diferente da massa de mulheres que sofre violência diária, que é rechaçada pela questão de gênero, sabe? A gente se sensibiliza e tem noção da necessidade de mudança social profunda, e por isso valoriza a difusão do pensamento feminista, mas seria hipócrita igualar nossos “first world problems” como mulher ao delas.
Eduardo – As meninas da banda foram criadas em um contexto em que, além de “você tem que estudar e ser independente” e não “você tem que casar” era ok e estimulado, inclusive, aprender um instrumento, ter uma banda e etc. As duas foram criadas em igrejas evangélicas com muita abertura pra música, onde, acredite se quiser, a incidência de mulheres instrumentistas é bem alta. Nós sofremos com outro tipo de preconceito, nossas questões primárias são sobre outras vivências e isso acaba sendo nosso primeiro assunto.
Além das referências musicais, que outras influências inspiram o trabalho de vocês?
Eduardo – Isso é tão difícil responder, eu não entendo como as bandas têm uma resposta pronta pra isso. Você está vivendo em um mundo, está lendo mil coisas por dia, ouvindo mil músicas, vendo trocentos filmes, e fica tudo ali guardado na sua mente, no seu subconsciente. A menos que a banda esteja querendo fazer um tributo à uma banda que curta, ou copiar mesmo, é muito difícil definir “as influências”: tudo influencia, oras. Da vinheta do jornal ao seu café da manhã, da história do seu amigo traidor a um conto de Andersen, passando pelo clipe da Lady Gaga. Sabe? Esse é o nosso mundo em 2014. O mundo caótico onde todo mundo vê tudo, lê tudo, escuta tudo. Quanto mais livre for sua relação com o conteúdo que você absorve diariamente, mais longe você vai conseguir chegar com sua criatividade na hora de compor e mais original vai ser o resultado. A arte, pra ser arte, deve ser livre. Não pode ser feita pra caber numa caixinha com rótulo.
Site oficial: http://www.farfromalaska.com/
modeHuman, faixa a faixa, por Cris Botarelli:
1- Thievery é a primeira do disco porque foi nossa primeira composição e primeiro amor da banda. Lembra muita coisa boa, o sentimento de surpresa “nossa, que legal misturar nós cinco pra fazer esse som X”. Já a letra fala de uma pessoa muito ciumenta, não se meta com ela! Continuamos achando esse o melhor riff da nossa história.
2- Deadman. “No fundo do poço tem uma mola”. Quando chegamos no fim, no fundo do poço, nada mais te surpreende ou põe medo porque afinal de contas o único caminho a seguir é pra frente. Não lembro muito da composição dela, foi feita em muitas partes, toda no estúdio de ensaio, nunca foi levada pra casa! Muito arranjo entrou e saiu pra no final ficar cheia de coisa, de detalhes, de caos: adoramos! Curiosidade no meio: tem o Lauro falando alemão com ele mesmo sobre falar alemão nessa parte da música (risos). Em contraste a letra é bem densa, uma das mais profundas do disco. REFLITÃO. (Risos)
3- Dino Vs. Dino. Já contei a história dessa na entrevista, então resta dizer que seu nome remete ao som da guitarra, que na nossa concepção parecem passos de um dinossauro bem grande e monstro! Outra curiosidade é que tocamos ela ao vivo várias vezes sem que ela estivesse pronta, sem letra, apenas improvisando partes faladas e cantadas, que sempre acabavam no assunto do momento à época: a traição de um amigo querido de uma das meninas (a boca fala do que o coração está cheio, né? Mt.12, 34) . É a preferida do nosso guitarrista. Foi lançada como single bem antes do lançamento do disco e tem um clipe lindo (assistam!)
4- Politks. O riff da lapsteel foi a primeira coisa tocada pela Cris, na primeira vez que ela teve contato com o instrumento. A música toda tem um acorde só (ok, tem uma ponte no final com mais 2 acordes, haha) e a melodia e a letra foi composta no carro numa tirada só, na ida para uma reunião da banda. Foi a música que saiu mais rápido dentre todas e fala sobre politicagem, uso de influências para subjugar uma pessoa e restringir sua liberdade, em qualquer aspecto. A interpretação é muito aberta e serve de hino para levantar-se contra praticamente todas as relações negativas de poder. No final, tem a inclusão do vocoder pelo guitarrista também, o que é muito curioso, já que ele não fala inglês. Curiosidade: recentemente foi presenteada com o prêmio de “Melhor Música do Ano” no Prêmio Hangar de Música (RN).
5- Another Round passou muito tempo sem letra e sem melodia, só com instrumental. Foi uma das mais colaborativas entre todos, quase uma força tarefa pra ela existir. A letra fala sobre superação, sobre continuar após a exaustão, persistir, enfim. Comunica muito à todos que tem um objetivo difícil de ser alcançado aos olhos do que o senso comum considera alcançável. É um grito de “GO FOR IT!” Preferida do nosso baterista!
6- About knives é uma das unanimidades da banda, todos gostam MUITO dela. Tem uma ambientação no começo que faz referência ao processo de modeHuman enquanto conceito (robô que se transforma em humano e precisa aprender as nossas nuances de comportamento). O instrumental começa balançado e chega ao refrão de forma que é impossível pra gente não ter mexido a cabeça dançandinho até então, seguido por uma parte que chamamos entre nós de “industrial” (1:50). Desemboca daí em um verso solto com outra métrica, “falando só verdades” (risos). A letra é o perfeito resumo do manual de instruções que a nossa personagem “roboa” precisa absorver. A solidão inerente à humanidade, a incapacidade de confiar sem se frustrar, o medo paralisante que todos sentimos, etc.
7- Rolling Dice. A dúvida entre fazer o certo ou errado (what?). Escolher fazer a coisa certa mesmo que não te favoreça é uma situação que todos nós passamos diariamente, rolling dice fala disso, às vezes fazer a coisa certa não é aquilo que realmente queremos fazer e que tal deixar o acaso decidir? Jogamos os dados e vemos os resultados.
8- Mama foi a segunda música a ser composta pela banda, fala sobre crescer e se descobrir em um mundo bem diferente das historinhas em quadrinhos, conflito comum do final da adolescência. Não temos mais tocado nos shows e por isso estamos sendo bem cobrados! (Risos)
9- Greyhound. O nome da música é uma raça de cachorro oriunda do Reino Unido, conhecida como a mais rápida do mundo. Por esse motivo, é um animal criado para competições e desde pequeno é cuidadosamente adestrado para ser o que ele nasceu pra ser. A letra, portanto, faz um paralelo com os “greyhounds humanos” e os incita a seguir sua vida conforme melhor lhe aprouver, a se libertarem da pressão social de ser o que esperam que você seja. É muito dançante, meio disco, meio irônica, e uma das antigas da banda, não entrou no nosso primeiro EP por pouco!
10- Communication é a única música que não é inteiramente do FFA. Foi composta nos idos de 2008, pela Cris e um amigo de todos nós, o Henrique Geladeira, na época em que dividiam palco em uma banda de balada que a Cris tinha. Eles só tocavam covers e tinham apenas duas músicas próprias, essa é uma delas. No fim das contas, o arranjo foi refeito e mudou muita coisa da original, mas manteve-se o sentimento. Aproveitamos algumas frases da letra e mesclamos com uma nova ideia, daí a música passou a falar sobre como a falta de comunicação pode minar um relacionamento amoroso.
11- The New Heal, terceira música a ser composta pela banda, época de muita experimentação com nossos brinquedinhos, na época novos, vocoder do synth, slicer da guitarra… Na gravação do disco teve o refrão alterado, melodia e letra! Quem quiser conhecer a versão antiga é só baixar o EP!
12- Tiny Eyes é pesada, se arrasta, é do mal! Imagino vários homens bem mal encarados se aproximando numa rua. Mas fala mesmo é sobre o resgate de um passarinho. Só que um passarinho me contou que é um passarinho no sentido figurado e o refrão fala que é ok se deixar ser ajudado. Sobre não ser tão orgulhoso.
13- modeHuman – pt.1 entrega e explica o porque da “roboa”, onde tudo começou. Alguém está de saco cheio e quer ser substituído! Um robô programado com toda sorte de informações sobre a pessoa a substituir seria a solução, mas para se sair bem esse robô precisa aprender não só a agir, mas, especialmente, a como reagir. E a humanidade é um caos, nossas reações e sentimentos aos acontecimentos muitas vezes não fazem sentido algum. Boa sorte pra esse pobre humanoide (risos). Outra coisa interessante é que no nome da música contém a informação pt.1, que significa parte 1, o início. a parte 2 vem escondida lá no final. Já já falamos dela.
14- Rainbows fala sobre o mundo gay. Sobre como nesse meio o relógio parece correr em um timing diferente e como as relações parecem mais intensas e, paradoxalmente, também mais efêmeras. Já o refrão toma outras proporções e faz referência direta à campanha “It gets better” iniciada pela Pixar uns anos atrás (https://www.youtube.com/watch?v=4a4MR8oI_B8), uma injeção de otimismo apesar do começo pessimista e sombrio. Foi a última música a ficar pronta, tanto o instrumental quanto a letra terminaram de ser compostos já na gravação. O riff é muito doido e deu trabalho de encaixar uma melodia.
15 – Monochrome. A natureza humana não é nada lógica e ela rege nossas decisões. Monochrome é a história de alguém que já cansou de lutar contra sua própria natureza e aceitou o fato que não temos controle de nada e que não importa o que faça, problemas vão surgir independentemente do quanto você se proteja.
*EXTRA: modeHuman – pt. 2. Faixa escondida, no final de Monochrome, é um interlúdio tocado no piano em que é possível perceber a transição da roboa para um ser humano. A música começa com muitos ruídos eletrônicos, bips e perceptivelmente é tocada de forma mais mecânica. Gradualmente a música vai se tornando mais limpa, os ruídos eletrônicos vão cessando e a atuação da roboa fica mais orgânica e, por isso, mais imperfeita. A partir do momento em que o andamento e a execução é pior, não se percebem mais ruídos, prova de que a roboa finalmente conseguiu incorporar “a humanidade” contida no defeito. Missão cumprida.