Por Renata Arruda
Em abril o duo folk Antiprisma, formando por Elisa Moreira e Victor José, lançou pelo selo Mono.Tune Records seu homônimo EP, primeiro da carreira. Produzido pelo músico Filipe C., o disco traz quatro faixas que buscam inspiração em nomes como Nick Drake e Secos & Molhados, mesclando arranjos campestres e inventividade aos vocais doces da dupla.
Elisa e Victor concordaram em responder às perguntas da nossa seção, contando um pouco sobre o EP e comentando cada uma de suas faixas. Confira a seguir:
Poderiam comentar a concepção do EP?
Victor: Na verdade, não tivemos uma concepção específica pra este EP, mas procuramos transmitir com ele toda a sinceridade com que fizemos as músicas, e com a maior franqueza possível o que é que a gente tem realmente a oferecer. Nossa intenção em primeiro lugar foi conduzir bons sentimentos para quem fosse ouvi-las, talvez isso tenha acabado nos guiando no final das contas.
Como foi o processo de escolha do repertório?
Elisa: Escolhemos, junto com o Filipe Consolini, que produziu o EP, as faixas que poderiam representar melhor a gente nesse momento de estreia. A ideia era que as faixas tivessem uma unidade, mas sem soarem muito parecidas umas com as outras. Talvez por ser o nosso primeiro trabalho, não dá muito pra fugir da necessidade algum apelo e urgência, e isso também foi levado em consideração.
Victor: As melodias dessas quatro músicas permitiram a gente brincar um pouco com a estrutura dentro do estúdio e ir um pouquinho além do esquema “voz e violão”, talvez pra darmos um realce nas nossas outras referências além da estrutura folk que assumimos como ponto de partida. E acabamos gostando bastante da cara que isso deu para o nosso som.
O que Antiprisma representa para vocês?
Elisa: Esse EP é muito importante pra gente. Por ser a nossa estreia, é como se marcasse de vez o início da nossa existência no mundo, além de ser o resultado de uma parceria muito bacana com o Filipe. Então, temos muito carinho por esse trabalho.
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01. Você Imagina Demais
Elisa: Essa foi a que escolhemos para ser o nosso single. Achamos que esse violão meio “Norwegian Wood” dos Beatles poderia ficar na cabeça das pessoas, tanto quanto ficou na nossa quando a composição surgiu.
Victor: É, essa aí começou a partir desse riff que me inspirei muito em “Angel In The Snow”, do Elliott Smith, e nessa pegada valsa da “Norwegian Wood”. Pra mim, essa é a que melhor sintetiza o nosso sentimento em relação ao som que tentamos fazer e às histórias que queremos contar… nem sempre objetivas, mais um estado de espírito ou algo assim.
02. E Não Preciso de Mais Nada
Elisa: Nessa faixa, a ideia foi manter basicamente o esquema simples e direto, para servir as imagens e ao cenário que a letra acaba remetendo.
Victor: A Elisa trouxe a música praticamente pronta. Só tive o trabalho de buscar alguma harmonia que casasse com a voz dela e uma linha de violão que trouxesse alguma novidade a cada compasso, para quebrar um pouco a repetição, algo do tipo pergunta e resposta que se encontra muito no blues. No fim das contas, ficou soando pra mim como um resgate daquela vibe do Secos & Molhados.
03. Não Mantra
Elisa: Logo de cara, aquele riffão me remeteu a uma coisa meio psicodélica, talvez até com algum elemento oriental… ela abrange pra gente vários elementos bem diferentes uns dos outros, o que nos permitiu explorar bastante na gravação.
Victor: Veio totalmente sem querer. Eu estava tentando tirar no violão “Pink Moon”, do Nick Drake, e acabou me chamando atenção porque saiu um som com algo de baião e com uma pegada de coragem, que foi o sentimento que usamos como ponto de partida pra letra.
04. Chuva Índigo
Elisa: Inicialmente, eu a compus em inglês, depois fizemos uma nova letra juntos. A faixa serviu pra quebrar um pouco a atmosfera das três primeiras, sendo a mais escura e urbana do EP. A ideia inicial dela era bem minimalista, meio Cat Power, e acabou tomando uma forma bem legal com os elementos que colocamos na gravação.
Victor: Se o Filipe não tivesse insistido nela talvez teríamos escolhido outra pra entrar no EP. Foi a que talvez tenha mais me surpreendido com o resultado. Muito me agrada a atmosfera melancólica e solitária que conseguimos construir.
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