Exposição “Vidas em Cordel” transforma histórias de vida em cordel e xilogravura

Com patrocínio oficial da Petrobras, a mostra ocupa o Cais do Sertão e traz obras inéditas sobre Paulo Freire e outros nomes locais

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A singularidade da história de cada pessoa é percebida enquanto patrimônio da humanidade e traduzida em arte sob a sagacidade do cordel na reflexão proposta por uma exposição desembarcada no Recife após percorrer cinco estados e atrair mais de 80 mil visitantes presencialmente e outros 190 mil online.

“Vidas em Cordel”, promovida pelo Museu da Pessoa e com patrocínio oficial da Petrobras, costura a literatura popular ao ofício da xilogravura para retratar, em versos e imagens, indivíduos célebres ou anônimos cujas trajetórias incríveis ressoam e dignificam a pluralidade da cultura, do pensamento e do modo de ser do brasileiro. As obras ocupam a sala Todo Gonzaga, no 2ª andar do Centro Cultural Cais do Sertão (Recife Antigo), a partir do dia 15 de agosto e ficam acessíveis ao público gratuitamente até 15 de dezembro, com visitas das 10h às 16h (terça a sexta) e das 11h às 17h (sábados e domingos).

A edição sediada em Pernambuco mantém a tônica de incorporar nomes locais ao conjunto de histórias retratadas anteriormente – como Ailton Krenak, com O Rio da Memória, e Krystyna Drosdowicz, com A Guerrilheira que Enganou os Nazistas – e adiciona à exposição quatro expoentes do estado: o educador e patrono da educação brasileira, Paulo Freire (1921-1997), o músico, poeta, compositor, cantor e escultor Di Melo, o Imorrível, a coquista e patrimônio vivo Ana Lúcia do Coco e uma das principais responsáveis pela preservação e difusão dos cordéis no Brasil, a editora Aninha Ferraz, da editora e produtora cultural Coqueiro.

O quarteto tem histórias de vida transformadas em cordel pelas palavras de um grupo de artistas com relevo junto à literatura popular: os pernambucanos Jorge Filó, poeta, Susana Morais, cordelista, e Isabelly Moreira, poetisa – trinca acompanhada pelo professor Marco Haurélio e o contador de histórias e escritor Jonas Samaúma, ambos do trio de curadores da mostra.

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As xilogravuras são assinadas pela artesã Maria Edna da Silva, oficineira Catarina Dantas, pelo artista plástico e ícone dos quadrinhos Jô Oliveira e pelo multiartista Valdeck de Garanhuns, todos do estado, além da xilogravadora, pesquisadora em cultura popular e curadora da exposição Lucélia Borges. O time de artistas locais se junta a dezena de colegas de outros pontos do país integrados à exposição em dois anos de itinerância – completados agora, com a edição em Pernambuco.

A primeira oficina oferecida pela exposição e aberta ao público será “História Gravada”, no dia 16, das 13h às 16h, ministrada por Lucélia Borges. A atividade propõe uma introdução à técnica milenar de criação e reprodução de imagem na madeira – a xilogravura -, com foco na imagética dos contos da tradição oral e elementos que dialogam com o imaginário presente nas histórias de vidas da exposição. Serão trabalhados aspectos da história da xilo, manuseio das ferramentas e processo criativo. Voltada para o público em geral, a partir dos 14 anos de idade, com inscrições por formulário disponibilizado na bilheteria do Cais.

“Toda história de vida importa e todas as histórias são verdadeiros patrimônios da humanidade, já que são únicas e insubstituíveis. Da mesma forma, a literatura de cordel é reconhecida patrimônio imaterial. A ideia de juntar as duas coisas é mostrar não só que a história de cada um de nós poderia ser retratada numa obra literária – é mágica, por mais cotidiana que seja – como também encarar a ideia de que a literatura de cordel é tão valiosa como outras formas de literatura, e não uma literatura menor, assim como as histórias de vida não podem ser vistas como menos importantes que uma história oficial”, observa o diretor de museologia do Museu da Pessoa, Lucas Lara.

A escolha dos nomes em Pernambuco, diz ele, concilia linguagens distintas das artes para traduzir a diversidade e a importância do estado para o Brasil e criar laços com o público visitante. “As pessoas veem gente da localidade e, como boa parte está viva, podem conversar com elas, conhecer mais das suas trajetórias, e elas se sentem prestigiadas por ver a própria narrativa retratada em uma exposição. A memória coletiva pode ensinar, impactar e transformar”, acrescenta. 

“Vidas em cordel” apresenta as histórias em grandes painéis ilustrados pelas xilogravuras acompanhadas de minibiografias e textos sobre a arte do cordel. A exposição tem distribuição gratuita de cordéis, oferece QR Codes com propostas interativas, reserva espaço “instagramável” para postagem de fotos nas redes sociais e conta com cabine de gravação para registro das histórias dos visitantes – instantaneamente integradas ao acervo do Museu da Pessoa.

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A programação distribuída em quatro meses engloba atividades educativas e culturais, visitas-guiadas, aulas-espetáculo, apresentações musicais e ações destinadas a cativar o público junto às histórias e às linguagens artísticas envolvidas.

“A exposição traz um cordão de histórias, mostrando um Brasil diverso, caleidoscópico, com suas mazelas e injustiças, mas também com suas belezas e encantos. Um verdadeiro tributo à coragem e à resiliência dessas pessoas”, pontua o cordelista, pesquisador do folclore brasileiro e curador Marco Haurélio. A composição imagética produzida por Lucélia Borges e pelos artistas convidados se propõe a proporcionar uma apreensão dessas histórias através das gravuras baseadas em personagens, cenários e descrições formuladas pelos textos. 

A mostra já passou por Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro e, agora, desembarca em Pernambuco. As obras expostas presencialmente também podem ser acessadas ao lado de conteúdos exclusivos pela internet. A página disponibiliza informações complementares sobre os personagens retratados e proporciona uma experiência de contemplação distinta.

Na internet é possível fazer o download gratuito do livreto “Vidas em Cordel para Educadores”, material educativo para subsidiar atividades pedagógicas de professores sobre as histórias de vida dos brasileiros e da literatura de cordel. O site também mantém uma conexão com as redes sociais para permitir a visualização de postagens de visitantes da exposição e contém uma playlist selecionada pelos curadores – além de informações sobre a itinerância da mostra pelo Brasil. Pernambuco também está contemplado com a narração de um podcast pelo escritor recifense Marcelino Freire e pelo poeta cearense Klévisson Viana de histórias cordelizadas pela exposição. “Vidas em Cordel” conta com patrocínio oficial da Petrobras.

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A Programação Cultural do Museu da Pessoa é viabilizada pelo Programa Nacional de Apoio à Cultura, por meio do Ministério da Cultura, com patrocínio oficial da Petrobras e patrocínio do Mercado Livre e 3M. As ações ainda contam com apoio financeiro do BNDES e parceria do Museu Nacional dos Povos Indígenas, da Funai, e do Centro Cultural Cais do Sertão, equipamento do Governo de Pernambuco, gerido pela Secretaria de Turismo e Lazer, via Empetur.