Exposição coletiva “Cartografia Construtiva” traça um percurso comum entre memória e invenção

Mostra na Número Galeria conta com 26 obras que conectam produções dos anos 1980 a investigações contemporâneas, explorando a geometria, a cor e a arquitetura

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(Foto: Eduardo Gaudêncio/ Divulgação)

Oito artistas se encontram em uma mesma cartografia simbólica, onde linhas, cores e formas constroem pontes entre tempos distintos. Entre obras criadas nos anos 1980 e produções recentes, a exposição coletiva Cartografia Construtiva reúne 26 trabalhos que exploram a geometria como linguagem, a cor como presença vital e a arquitetura como matriz de pensamento. A mostra segue até 21 de setembro, na Número Galeria, na zona sul do Recife, com entrada gratuita, propondo ao público um percurso em que memória e invenção se entrelaçam.

Algumas das obras apresentadas chegam ao olhar do público depois de permanecerem décadas guardadas em acervos privados, preservadas da circulação. É o caso de Sistema X, de Iza do Amparo, com a força gráfica de seu “X” e combinações cromáticas vibrantes em preto, vermelho, branco, azul e verde. Também Fachada X, de Roberto Lúcio, série marcada por listras verticais e composições de quadrados em relevo que evocam fachadas arquitetônicas, retorna para reafirmar a potência de um trabalho que continua atual e instigante.

As investigações atuais expandem esse campo construtivo em múltiplas direções: os Cobogós de Aprígio Fonseca reafirmam a disciplina da forma; o Corte Vazio, de Eduardo Gaudêncio, desloca o olhar e tensiona o espaço do canto; Márcio Almeida aprofunda densidades cromáticas em composições vibrantes; Gabriel Petribú cria grafismos verbo-visuais que embaralham palavra e imagem; Joelson Biu ergue colunas cerâmicas que evocam arquiteturas verticais; e Humberto Peixoto apresenta uma escultura vermelha irregular em madeira, marcada pela instabilidade e energia pulsante da forma.

Entre blocos de cor intensos e sutis transições tonais, a mostra desenha um ritmo feito de repetições, variações e contrastes. Essa cadência visual, segundo Eduardo Gaudêncio, artista e diretor da Número Galeria, amplia a percepção do espaço expositivo e conduz o visitante por uma narrativa que atravessa quase meio século de experimentações.

“Trazer obras que estavam resguardadas por décadas e colocá-las em diálogo com produções recentes nos permite perceber que a pesquisa construtiva segue pulsante. O público terá a chance de reencontrar trabalhos que estavam fora de circulação e, ao mesmo tempo, de reconhecer como os artistas de hoje continuam tensionando e reinventando esse repertório. É um convite para olhar para trás e para frente ao mesmo tempo”, destaca Gaudêncio.

Assim, ao reunir artistas de diferentes trajetórias, a exposição constrói um percurso comum, em que a geometria se reafirma como gesto atemporal e a cor se apresenta como matéria de conexão entre gerações. O público é convidado não apenas a contemplar, mas a percorrer com os olhos e com o corpo essa cartografia simbólica, em que as linhas, os volumes e os blocos cromáticos se encontram para revelar que a arte construtiva, longe de ser passado, continua a se reinventar no presente.

SERVIÇO

Cartografia Construtiva
Exposição coletiva

Artistas: Aprígio Fonseca · Eduardo Gaudêncio · Gabriel Petribú · Humberto Peixoto · Iza do Amparo · Joelson Biu · Márcio Almeida · Roberto Lúcio
Quando: até 21 de setembro
Local: Número Galeria – Rua Professor Eduardo Wanderley Filho, 187, Boa Viagem