Sofia Langenbach tem apenas 13 anos e carrega consigo uma história de vida que marcará para sempre a trajetória política do país. Ela tem uma síndrome rara e sua família foi a primeira no Brasil a conseguir autorização da Justiça para cultivar maconha como medicamento. Sua mãe tornou-se a maior ativista canábica do país. E hoje o nome de Sofia batiza uma fazenda que produz remédio para mais de 6 mil famílias.
O Outro Mundo de Sofia, novo documentário dirigido por Rapha Erichsen, mergulha nessa história e acompanha a batalha de Guete Brito, a mãe da menina, para manter e ampliar o cultivo da planta, enfrentando ameaças constantes e trazendo para o centro do debate a descriminalização da droga, a importância de estudos científicos sobre as propriedades curativas da planta e a desconstrução de diversos argumentos proibicionistas.
Produzido pela Kromaki, em coprodução com o GNT, o documentário conta com a participação de nomes como o deputado federal e pastor Henrique Vieira, o neurocientista e biólogo Sidarta Ribeiro, o autor Francisco Bosco e a socióloga Julita Lemgruber. A estreia do filme acontece nesta segunda-feira (8), à 00h30, no canal GNT e a partir de 9 de maio ficará disponível para assinantes +Canais do Globoplay e em plataformas on demand das operadoras.
Ainda é preciso avançar no debate
O tema, no entanto, não é uma novidade para Erichsen, que abordou a questão pela primeira vez em 2014, no filme Ilegal: a vida não espera, codirigido com Tarso Araújo. O longa abriu um amplo debate sobre o uso medicinal da maconha no país ao revelar a rotina de um grupo de mães que desafiava a lei para conseguir remédios à base da planta para seus filhos. Guete Brito era uma delas. Agora, quase dez anos depois, Rapha volta a ela para avançar no assunto. “A mesma planta que serve de medicamento é criminalizada e gera morte nas periferias do país. É chocante como, apesar dos avanços, ainda não se discute isso”, comenta o diretor.
Guete e o marido, Marcos Lins Langenbach, comandam a Apepi (Associação de Apoio à Pesquisa e Pacientes), que cultiva cannabis, produz e distribui remédios feitos a partir da planta. Apesar de ter se lançado nessa luta para melhorar a qualidade de vida própria filha, Guete logo percebeu a abrangência da causa e hoje levanta uma bandeira que vai muito além de Sofia. Afinal, não há pauta social que se sustente sem reconhecer as demandas de outros grupos.
Ao reivindicar políticas públicas que viabilizem a produção e distribuição de medicamentos derivados da maconha, o documentário também enfatiza a importância de se rediscutir a guerra às drogas, que persegue, encarcera e mata – sobretudo – a população pobre e negra. “Esperamos que nesse novo cenário político, possamos avançar numa regulamentação justa e democrática para o Brasil e que contemple o cultivo para as Associações”, defende a ativista.
Confira o trailer de O Outro Mundo de Sofia: