Espetáculo “O Estopim Dourado” estreia com apresentações gratuitas no Teatro Hermilo Borba Filho

Três atrizes em cena provocam questões sociais e subjetivas que envolvem o universo feminino e a relação com a terra

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(Foto: Débora Oliveira/ Divulgação)

O palco do Teatro Hermilo Borba Filho recebe a estreia do espetáculo O Estopim Dourado, encenado pelas atrizes pernambucanas Anny Rafaella Ferli, Gardênia Fontes e Taína Veríssimo, nos próximos dias 9, 10, 11 e 12 de maio, às 20h na quinta e sexta-feira, e às 19h no sábado e domingo. A entrada é gratuita e livre para o público a partir de 12 anos. A obra teatral é resultado do projeto “Terra Corpo Feminino”, que é vencedor do Edital Prêmio de Pesquisa “O Aprendiz em Cena/2023”.

A partir de uma visão crítica e feminina sobre o texto “João Sem Terra” de Hermilo Borba Filho, fundamentada no estudo dos Cadernos SELVAGEM de Sandra Benites (Guarani Nhandeva) sobre o conceito de Corpo-território, o espetáculo faz uma releitura de um texto escrito por um homem sobre um outro homem e suas terras, a partir do ponto de vista de três mulheres. O Estopim Dourado traz ao palco as vivências femininas, embasados nos textos de uma mulher indígena e em relação com seres em cena, que contam as histórias desses corpos com a terra. O espetáculo coloca em diálogo diversos estilos teatrais, relacionando o uso de máscaras, mamulengo, corporeidades e música ao vivo. 

Gardencia Fontes Taina Verissimo e Anny Rafaela Ferli. Credito da foto Debora Oliveira
Gardênia Fontes, Taína Veríssimo e Anny Rafaella Ferli (Divulgação: Débora Oliveira)

O texto “João Sem Terra” é ambientado em um espaço rural, revelando conflitos familiares, trazendo à tona temas como o uso da terra, preservação ambiental, valorização da natureza, industrialização, assédio, entre outros. Nesse contexto, Hermilo traz o personagem de João, que deixa explícito, em diversos momentos, o valor que ele dá a seu pedaço de terra, impedindo que ela seja mexida, cultivada, cavada, etc., preocupando-se com as dores que ela sentiria. Por outro lado, o texto também deixa nítido que toda esta preocupação e cuidado não é destinado às mulheres que permeiam sua vida. É perceptível no texto a objetificação da mulher, sendo esta igualada à terra, mas enquanto posse. Assim, a pesquisa Terra Corpo Feminino, que culminou no espetáculo “O Estopim Dourado”, propõe um contraponto sobre a perspectiva do personagem João acerca das mulheres e da terra. 

“A nossa pesquisa para construção do espetáculo traz o conceito de ‘corpo-território’, base da cultura indígena Guarani, onde o corpo da mulher é compreendido como parte do corpo da terra, a fim de ressignificar as relações que se estabelecem tanto com a terra, quanto com as mulheres. A partir dos ensinamentos de Sandra Benites (Guarani Nhandewa), e a narrativa indígena sobre Nhandesy, figura feminina associada à própria terra, é possível trazer para cena um outro entendimento sobre como as mulheres e a terra podem ser vistas. Tendo em vista que Hermilo Borba Filho foi um dramaturgo e diretor que realizou um importante trabalho de inserção e valorização do mamulengo em suas iniciativas teatrais, nós exploramos também em cena a linguagem do mamulengo, realizando uma interlocução entre bonecos e atrizes”, detalham Anny Rafaella Ferli, Gardênia Fontes e Taína Veríssimo.

SERVIÇO

Local: Teatro Hermilo Borba Filho (Cais do Apolo, 142)
Dias: 9, 10, 11 e 12 de maio de 2024
Hora: 20h (quinta e sexta-feira) 19h (sábado e domingo)
Ingresso: Entrada gratuita
Classificação: 12 anos