Cena do clipe Thriller
MICHAEL JACKSON OU A HISTÓRIA DO PODER DA IMAGEM
Astro ensinou ao mundo a importância da imagem para a cultura pop
Por Eduardo Dias, blogueiro da Revista O Grito!
Quando cresceu, a criança talentosa de The Jackson Five formatou uma estratégia que desdobrava sua carreira artística em diversas direções do mundo do entretenimento. Sua vida e obra alimentavam, ao mesmo tempo, revistas especializadas em celebridades e em música. A coreografia se tornou elemento essencial de cada música. E claro, reinventou, revolucionou e explorou como ninguém o videoclipe no final do século XX.
O cuidado e o esforço dedicado na produção de cada clipe foram recompensados com o reconhecimento. Seus lançamentos eram um evento e um espetáculo. Por pertencer a uma geração que viu e contribuiu com o surgimento e o crescimento do videoclipe, as experiências marcaram época e se tornaram referência. Desta geração também fazem parte, dentre muitos outros, Peter Gabriel e Madonna.
A consciência de que os clipes ajudavam-no a ser uma presença freqüente na TV para não correr o risco de ser esquecido pelo público. Mas ele também soube que era preciso se reinventar na música e nos vídeos para manter os holofotes em sua direção. Por isso, ele recorreu ao uso das mais avançadas técnicas de computação gráfica (Black Or White), trabalhou com diretores de cinema como John Landis (Thriller) e Martin Scorcese (Bad).
Ele possuía o feeling de explorar os recursos audiovisuais de um veículo de grande alcance para ditar tendência na dança, na moda e no comportamento, por exemplo. Para isso, recorreu a uma transformação constante de sua persona, tanto no campo artístico como no pessoal. As novidades trazidas pelos vídeos rapidamente ganhavam as ruas, os clubes e boates.
Michael tinha plena ciência de que a permanência na cultura pop estava ligada a uma cultura da novidade, da surpresa e, claro, do encantamento. Ele sabia como poucos as maneiras corretas de manter a mídia próxima – para o bem e para o mal –, gerar interesse e provocar repercussão da sua carreira e da sua vida. E foi através da imagem do cantor, dançarino e performer, que ele construiu a grande figura do artista Michael Jackson. A nota triste do sucesso da empreitada de uma vida inteira é que ele sempre teve dificuldades em lidar com a sua própria criação.
* Eduardo Dias é mestre em comunicação e estudioso do videoclipe. Atualiza o blog Cultura Clipe.