Especial: 10 artistas feministas que devemos celebrar

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Foto: Divulgação.
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A escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie se preocupa com o aspecto pejorativo que a palavra “feminismo” acumulou nos últimos anos. A real é que esse “palavrão” ainda causa desconforto em que não quer ver as injustiças cometidas em todo o mundo em relação ao sexo feminino. Na arte não é diferente.

Seja no rock, no rap ou na literatura, as mulheres ainda possuem baixa representatividade. Grupos como Sleater-Kinney, Pussy Riot e a rapper brasileira Flora Matos chamam atenção para o machismo na arte. No Oscar deste ano, a atriz Patricia Arquette denunciou a diferença salarial entre homens e mulheres durante seu discurso ao receber a estatueta. Já Chimamanda, militante da igualdade racial e de gênero, advoga que é um dever de toda a humanidade promover a igualdade.

A Revista O Grito! fez uma lista com as mais incríveis feministas na arte e cultura que todo mundo deveria acompanhar!

Divulgação.
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CHIMAMANDA NGOZI ADICHIE

A escritora nigeriana é uma das vozes mais importantes do feminismo no mundo atualmente. Ela ficou conhecida por seu famoso discurso “Sejamos todos feministas”, proferido no TEDxEuston e que se tornou um viral com mais de 1,5 milhão de visualizações no YouTube. Segundo Chimamanda, o feminismo deveria ser uma causa de toda a humanidade pois leva a uma sociedade mais justa onde homens e mulheres são felizes. Sua fala foi transformada em um ensaio lançado em fevereiro pela Companhia das Letras (baixe de graça o e-book). Seu romance mais famoso, Americanah, trata de uma história de amor em meio ao racismo e teve os direitos comprados para o cinema pela atriz Lupita Nyong’o. – Paulo Floro.
Mais: chimamanda.com

Reprodução/Facebook.
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JENYFFER NASCIMENTO

Escritora e educadora, a pernambucana Jenyffer Nascimento é militante da literatura negra e feminina. No ano passado ela lançou o livro de poemas Terra Fértil, que integra o Projeto Mjiba: Espalhando Sementes, que visa dar mais visibilidade para autoras. Jenyffer frequenta saraus na periferia paulistana, onde reside, e iniciou na poesia através do hip hop. Ela ainda tem trabalhos publicados nas antologias Pretextos de Mulheres Negras e Sarau do Binho. – PF.
Mais: facebook.com/jenyffer.nascimento

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ANITA TIJOUX

A rapper chilena traz olhar feminista ao hip hop. Filha de exilados da ditadura de Pinochet, Anita é engajada e considera o machismo como sintoma de um sistema capitalista: “Quem tem uma postura machista frente ao mundo também tem uma postura capitalista. Não há nada mais capitalista que o machismo e a ideia da mulher submissa, da mulher calada, da mulher objeto”, acredita. Em Vengo Anita bate de frente contra esse sistema patriarcal na faixa “Antipatriarca”, onde canta versos como “Não vou ser aquela que obedece/ porque meu corpo me pertence/Eu decido meu tempo,/ como e onde quero/Independente, eu nasci/Independente, decidi”. O álbum foi lançado no ano passado. – Renata Arruda.
Mais: anitatijoux.cl/

Foto: Divulgação.
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FLORA MATOS

A brasiliense Flora Matos é um dos nomes mais importantes do hip hop atual. Ela traz novos olhares para o gênero e vem sendo celebrada como uma das mais interessantes MCs de sua geração. Flora também tem chamado atenção por seu discurso antimachismo. Ela sabe que é preciso maior representatividade no rap, um meio dominado por homens, sobretudo no Brasil. “Nós, mulheres no rap, estamos driblando o preconceito com criatividade. Esse desafio é pura inspiração, eu transformo isso em música. Meu público é formado por uma maioria feminina e eu sinto que alguns homens estranham, mas eles estão ali. Estão presentes e estão respeitando”, disse em entrevista ao Vírgula, ano passado. – PF.

Foto: Divulgação/Sub Pop.
Foto: Divulgação/Sub Pop.

SLEATER-KINNEY

A banda norte-americana Sleater-Kinney retornaram este ano após 10 anos sem lançar nada inédito. Elas retornam e expõe com zero cerimônia o mundo machista e de pouca representação feminina no rock. Formado pela guitarrista Corin Tucker, a vocalista/guitarrista Carrie Brownstein e a baterista/vocalista Janet Weiss, o grupo tem um histórico feminista tanto nos palcos quanto fora dele. Em suas músicas, o grupo trata de misoginia, violência contra mulheres e discriminação. E fazem isso com um vigor punk impressionante a ponto de terem parido um dos melhores discos do ano até aqui. Veja nossa crítica. – Rafael Curtis.
Mais: sleater-kinney.com

Foto: EuropeanPhotoAgency/Reprodução.
Foto: EuropeanPhotoAgency/Reprodução.

PUSSY RIOT

As meninas do coletivo russo Pussy Riot conseguiram mobilizar o mundo inteiro em 2012 após terem sido presas durante um protesto anti-Kremlin em uma catedral de Moscou. Hoje libertas, Maria Alyokhina e Nadezhda Tolokonnikova rodam o mundo denunciando o governo intolerante e corrupto de Vladimir Putin, que reprimem movimentos sociais e persegue homossexuais. Conhecidas pelas apresentações com capuzes coloridos elas incitaram protestos contra injustiça em várias partes do mundo. A história do grupo foi tema do documentário Pussy Riot – A Punk Prayer, exibido pela HBO. Veja o que já publicamos sobre elas. – PF.
Mais: pussyriot.org.

Foto: Divulgação.
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ALISON BECHDEL

A quadrinista norte-americana Alison Bechdel vem construindo obras de excelência artística, cujo pano de fundo poderia ser resumido em: o que faz de nós quem somos e como lidamos com isso. Mas, talvez acima de tudo, Bechdel deve ser celebrada por ter trazido em sua obra questões de suma importância nesse universo ainda permeado de discriminação que é a indústria dos quadrinhos (assim como quase toda a indústria cultural): discussões sobre gênero e sexualidade, representação feminina e da comunidade LGBTT, combate ao machismo e à misoginia.. Sua última obra Você é a Minha Mãe, saiu no ano passado pela Companhia das Letras. – Dandara Palankof.

Foto: Divulgação.
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GAIL SIMONE

A escritora de quadrinhos norte-americana Gail Simone é uma voz dissonante em uma das indústrias mais machistas dos EUA, a das HQs mainstream. Isso vem mudando através de diversas iniciativas, mas a realidade é que ainda há muito a ser feito. A autora criou o blog “Women in Refrigerators” (“Mulheres no congelador”, em tradução livre), onde ela lista personagens femininas atacadas ou mortas de maneira violenta como estupro e espancamento. O nome da página foi inspirada em uma cena da HQ do Lanterna Verde dos anos 1990 onde a personagem encontra sua namorada esquartejada (!) dentro da geladeira. Autora de HQs como Mulher-Maravilha, Aves de Rapina, entre outros, Simone também apóia o “Wonder Woman Day”, que arrecada dinheiro para mulheres que sofreram violência doméstica. – PF.
Mais: twitter.com/gailsimone

luiza

LUIZA PRADO

A artista visual Luiza Prado usa o seu próprio corpo como discurso. Suas obras retratam questões importantes sobre a mulher atual de maneira provocativa e chocante. A sua obra “Gula”, onde a artista aparece nua, foi adquirida pelo Museu Contemporâneo de Bogotá. Conhecida pelas performances e seu trabalho com fotografia, Luiza subverte as expectativas sobre a representação do corpo feminino. – Fernando de Albuquerque.
Mais: luizaprado.nu

Foto: Reprodução/Tumblr.
Foto: Reprodução/Tumblr.

KIM GORDON

A ex-vocalista e guitarrista do Sonic Youth, Kim Gordon é uma das maiores heroínas do rock alternativo. Ela publicou no final do ano passado a sua autobiografia, Girl In A Band, ainda inédito no Brasil. Ela comenta sobre sua participação dentro da banda e a relevância para a música, mas também trata de temas mais amplos, como a mulher. Em uma passagem ela manda uma crítica para Lana Del Rey, que disse não ter interesse no feminismo. “Hoje temos pessoas como Lana Del Rey, que nem sabem o que é feminismo, que acreditam que as mulheres podem fazer tudo o que quiserem, o que, em seu mundo, é flertar com a autodestruição, seja dormindo com homens mais velhos nojentos ou sendo estuprada por um grupo de motociclistas. Seria bacana receber pagamento e tratamento iguais.”
Mais: twitter.com/kimletgordon