A equipe do filme Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, realizou um protesto durante a exibição do longa na Mostra Competitiva do Festival de Cannes. Com cartazes de “Um golpe ocorreu no Brasil”, “Resistiremos” e “Brasil não é mais uma democracia”, escritos em vários idiomas, eles criticaram o golpe do presidente Michel Temer.
O protesto aconteceu na escadaria do Palácio dos Festivais, onde fica o tapete vermelho e também dentro do Teatro Lumière. O longa pernambucano é o único da América Latina competindo pela Palma de Ouro, o maior prêmio do festival, ao lado de outras 21 produções. O filme conta a história de Clara (interpretada por Sônia Braga), uma escritora que resiste a pressões de imobiliárias para vender seu apartamento no Recife.
"Brazil is not a democracy." Protests at #Cannes2016 pic.twitter.com/1CLjVTNrMN
— Nigel M. Smith (@nigelmfs) May 17, 2016
Vários outros cineastas e produtores em Cannes também criticaram o golpe de Estado de Temer, bem como a decisão de extinguir o Ministério da Cultura, integrando-o ao da Educação. Isabel Penoni e Valentina Homem, cineastas que apresentaram o curta Abigail na Quinzena dos Realizadores também são críticas ao golpe.
Eryk Rocha, filho de Glauber Rocha, também protestou no palco do festival antes de apresentar seu longa, Cinema Novo, um ensaio poético sobre o movimento de cinema encabeçado pelo seu pai.
“O Brasil está entrando em um novo momento, extremamente grave e de incerteza. Como cidadão, sinto uma profunda impotência e angústia com o que está acontecendo: o Brasil está vivendo uma ruptura muito grave no processo democrático”, disse Rocha à AFP. A equipe do curta O Delírio é a Redenção dos Aflitos, do pernambucano Fellipe Fernandes, também realizou protestos contra o golpe e postou nas redes sociais.