TULIPA RUIZ NO PIQUE
Cantora já participou de outros Carnavais no Recife, mas em 2013 chega como um dos destaques do Rec Beat
Tulipa Ruiz foi um dos destaques da música brasileira ano passado. Seu disco, Tudo Tanto, traz a cantora explorando todas as possibilidades de sua voz, em um som que traz participações como Criolo e Lulu Santos. Mas, Tulipa, não se vê como uma “voz feminina do pop nacional”. “Sou integrante de uma banda, estamos ali tocando junto, todo mundo mandando brasa. Esse pensamento me dá muito pique”, diz ela em entrevista à Revista O Grito!
Leia Mais: Carnaval 2013
O guia pop do Carnaval de Recife e Olinda
A programação completa do Rec Beat este ano
Entrevista Karina Buhr: “Carnaval foi minha escola”
O Rec Beat mais uma vez acerta no timing ao trazer Tulipa Ruiz. O festival ficou conhecido por trazer nomes comentados e destaques do cenário independente. “Meu pai já tocou, com a banda Isca de Polícia, meu irmão também, com o Junio Barreto. Eles sempre falam que é demais tocar no palco do Rec-Beat, sempre colocaram essa pilha”, diz Tulipa. Carnavalesca, a cantora já passou carnavais por aqui e se mostra bem animada em voltar.
Abaixo, Tulipa conversou sobre a herança musical de família (é filha de Luiz Chagas da Isca de Polícia e seu irmão, Gustavo, é seu produtor e já tocou em várias bandas), sobre seu novo disco, o que acha do Carnaval do Recife e sobre cena musical de São Paulo. [Por Paulo Floro]
O GRITO! – Seu último disco foi um dos mais citados em listas de melhores do ano e um dos mais elogiados quando saiu. Sentiu (ou ainda sente) essa pressão? O que acha de ser chamada de “renovação” entre as vozes femininas do pop nacional?
Tulipa Ruiz – As pessoas tinham muita expectativa em relação ao meu segundo disco. Passei por um mundaréu de perguntas em relação a isso e decidi não encanar. Gravei o disco com muito carinho e a minha maior preocupação foi curtir minhas horas de estúdio e conquistar a minha banda. Os meninos são o meu termômetro, se eles curtem o som, vamos nessa. Fiquei muito feliz com o resultado, com a recepção das pessoas. Acho que talvez essa coisa de renovação tenha a ver com isso, não me sinto uma “voz feminina do pop nacional” quando faço um show. Sou integrante de uma banda, estamos ali tocando junto, todo mundo mandando brasa. Esse pensamento me dá muito pique!
O Rec Beat sempre trouxe nomes que estão em evidência entre as novas bandas brasileiras? O que acha de tocar no festival?
Estou muito feliz em participar desta edição do festival. Meu pai já tocou, com a banda Isca de Polícia, meu irmão também, com o Junio Barreto. Eles sempre falam que é demais tocar no palco do Rec-Beat, sempre colocaram essa pilha.
Já tinha vindo para o Carnaval do Recife alguma vez? Você é do tipo carnavalesca?
Sou do tipo carnavalesca e já passei alguns carnavais em Recife. Minha família também curte passar o carnaval aí. Minha primeira vez foi em um carnaval, com o músico Alfredo Bello, meu irmão, Gustavo Ruiz, e as meninas da DonaZica (Anelis Assumpção, Andréia Dias e Iara Rennó). Conheci vários músicos, curti um monte de shows e blocos. Voltei encantada.
Sua voz consegue ser muito delicada, mas também muito potente. Quando você começou a “descobrir” essas suas possibilidades vocais? Alguma inspiração em algum artista, estudo, prática…?
Cresci ouvindo muita música e gostando de cantar. Meu pai é músico, meu irmão toca desde pequeno, minha mãe gosta de música. Sempre houve esse estímulo em casa. Na adolescência fiz coral e depois estudei um pouco de canto lírico. Resolvi cantar profissionalmente aos 30, mas antes disso eu sempre curti cantar sem compromisso. Só uni o útil ao agradável.
No Recife sempre existiu uma preocupação da formação de uma “cena”. Hoje, muitos dizem que você faz parte de uma cena em São Paulo, um grupo. É bom para o trabalho nutrir essas conexões?
São Paulo para mim é um lugar de encontros. Eu ter optado pela música tem muito a ver com as pessoas que encontrei aqui e que não são necessariamente paulistanas. Meus primeiros shows fora de São Paulo foram com pernambucanos de Caruaru, por exemplo. Com o Junio Barreto, em um carnaval aí em Recife, e com o Ortinho, no Circo Voador. Eu nem tinha disco e eles me chamaram para participar dos shows. Existe sim uma cena em São Paulo, mas ela é mutante e se conecta com várias cenas.
Mudou muito o seu modo de trabalhar entre este novo disco (Tudo Tanto) e o anterior, Efêmera? Quais as principais diferenças entre os dois, na sua opinião?
Para mim o Efêmera é um disco de fotografias e em Tudo Tanto as fotografias viraram radiografias. Ele é mais subjetivo, mais denso. Para mim é um disco de camadas. A sonoridade que desenvolvemos durante a turnê de Efêmera desembocou nesse disco novo. Nos fortalecemos como banda, experimentamos coisas novas, timbramos mais. Tudo Tanto é resultado dessa convivência em grupo.
O disco anterior questionava a rapidez do tempo atual, das coisas cada vez mais perecíveis. Neste novo disco há um tema, um fio condutor?
O fio condutor desse disco é a intensidade das coisas vividas e das que ainda estão por vir.
Qual a lembrança mais remota de querer trabalhar com música?
De passar em frente uma loja descolada de discos na minha cidade, São Lourenço, no sul de Minas, e pensar “se eu tivesse que trabalhar em uma loja, seria essa”. Conheci o gosto musical das pessosas e vendi discos para a cidade inteira durante três anos.