Entrevista: SILVA

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Cantor capixaba lança disco de estreia cercado de burburinho

Por Paulo Floro

O cantor capixaba SILVA, nome artístico de Lúcio da Silva Souza, entrou em 2012 como um dos nomes mais comentados e promissores da cena independente nacional. Depois de um EP para chamar atenção para a autoralidade do seu trabalho, ele coloca nas lojas o primeiro disco pela gravadora Som Livre. A maturidade alcançada em um espaço curto de tempo mostra que o garoto de apenas 23 anos tem uma sonoridade muito bem lapidada.

Depois do seu EP de cinco faixas, de 2011, este primeiro álbum homônimo reforça sua mistura de música brasileira com referências eletrônicas. Multi-instrumentista, ele também mostra ligações com a música erudita.

Em entrevista à Revista O Grito!, SILVA falou de todo esse burburinho que vem recebendo, de suas referências musicais, dos primeiros passos da carreira e até sobre a comparação com James Blake, de quem é fã.

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Divulgação

Muitas pessoas estão te considerando a grande aposta brasileira da cena independente. Como você lida com isso?
É muito empolgante ver um trabalho sendo reconhecido, estou muito feliz por isso, embora isso traga uma certa pressão que eu ainda não conhecia. Superar uma expectativa é sempre mais difícil que surpreender nenhuma.

Conte-nos um pouco sobre você. Qual a lembrança mais remota de querer trabalhar com música?
Meu primeiro contato com música foi cedo, mas acho que só comecei a pensar em ser músico na adolescência. Com uns 12 anos talvez, quando entrei numa daquelas orquestras de estudantes. Foi minha primeira experiência desse tipo e me fez gostar de música um pouco mais.

As músicas do seu primeiro EP eram marcadas por um experimentalismo, mas também um toque de regionalidade, cores tropicais. O que te inspira a compor? Como surgiram as idéias para as músicas?
Gosto de me inspirar em ambientes, sou muito visual e o clima também me influencia bastante. As músicas vieram de idéias que fui guardando, de lugares que eu visitei ou de alguma brincadeira aleatória no piano ou no sintetizador. Sempre ouvi vários tipos de música, mas costumo ser mais influenciado por artistas que gostam de trabalhar mais melodicamente.

E o processo de produção, como foi feito? Ao menos no EP, muitas faixas foram gravadas em casa, certo?
Certo, duas faixas foram gravadas em estúdio no Rio (Imergir e A Visita) e as outras três foram gravadas em casa. Depois de gravadas, o Lucas de Paiva mixou as cinco faixas.

Já ouvi muitas pessoas te compararem ao James Blake. Inclusive você trabalhou com Matt Colton na masterização, o mesmo produtor dos discos de Blake. Enxerga alguma semelhança?
O James Blake é um artista que eu admiro muito, desde o começo quando ele tocava mais dubstep e remixava Destiny’s Child. Mas não acho o meu som parecido com o dele. O som do James é um dos mais maduros que ouvi ultimamente e eu ainda quero trabalhar bastante para chegar lá.

Depois de um EP bastante comentado, você assina com a Som Livre. Como se deu esse processo e como você acha que isso irá contribuir no seu trabalho?
A Som Livre entrou em contato comigo em janeiro desse ano e me fizeram uma proposta muito boa, principalmente pelo lado da liberdade criativa. Me deram espaço para produzir do mesmo jeito que fiz no EP, gravando em casa e produzindo sem interferência. Acho que o resultado vai ser muito bom.

Após esse primeiro lançamento pela Slap/Som Livre, você tem planos de fazer shows pelo País?
Tenho sim, já fiz alguns poucos shows mas espero poder tocar mais. Sempre gostei de tocar mas essa vai ser uma experiência bem nova pra mim.

Consegue se enxergar parte de uma cena musical brasileira? Acompanha outros artistas de sua geração e como é sua relação com eles?
Consigo sim, apesar das outras influências eu tenho muita música brasileira no meu som. Ultimamente não tenho acompanhado muito, mas tem alguns artistas que gosto bastante e acompanho, a Céu é uma deles. Mas ainda não conheço quase ninguém (risos). Talvez quando começar a sair de Vitória pra tocar.

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