Entrevista: Moptop

Moptop (Foto: Lucas Bori/ Divulgação)
Moptop (Foto: Lucas Bori/ Divulgação)

VIDA PÓS-HYPE
Por Lidiana de Moraes

“O rock acabou, melhor ligar sua TV…”. Foi afirmando que um dos maiores gêneros musicais de todos os tempos tinha morrido que o Moptop chamou a atenção do público em 2006. Dois anos depois, a frase que inicia a primeira música do disco que leva o nome do grupo não se concretizou… graças a Deus! Se isso realmente tivesse acontecido, em 2008 os cariocas não poderiam ter lançado seu segundo disco Como Se Comportar.

Com este novo trabalho o Moptop saiu do lugar de mera revelação do rock nacional para se solidificar como uma das melhores bandas da nova geração. O tempo de ser chamado de Strokes brazuca passou, agora Moptop é apenas Moptop. A Revista O Grito! conversou com o vocalista do grupo, Gabriel Marques, sobre as mudanças que ocorreram nos últimos anos, a produção do novo trabalho e sobre a famosa piada do padre.

Como vocês lidaram com a pressão do segundo álbum? Ela existe ou é apenas um mito?
Inicialmente existia acima de tudo uma incerteza quanto ao resultado final do álbum. Queríamos fazer um disco tão ou mais relevante que o primeiro sabendo que teríamos menos tempo para compor e gravar. Porém, somos uma banda melhor do que há 2 anos atrás e portanto, o processo foi bem tranqüilo e divertido sem a tal pressão que todos falam.

Quando vocês lançaram o primeiro disco, se falou muito na influência dos Strokes. No segundo agora, dá pra perceber que vocês se distanciaram disso. Foi uma decisão pensada ou apenas acabou acontecendo?
Foi tanto pensada como também uma conseqüência natural do tempo. Tivemos uma preocupação de não repetir algumas das fórmulas do primeiro álbum e de experimentar alguns novos modelos de canções. E ao mesmo tempo, estamos escutando outras coisas agora e desenvolvemos a nossa própria forma de fazer musica durante esses quase 5 anos de banda.

moptop como se comportarComo foi o processo de gravação de “Como Se Comportar”?
Fizemos uma pré produção bem extensa antes de entrar em estúdio. Gravamos o disco em apenas 14 dias, tocando todas as bases ao vivo e apenas retocando algumas coisas posteriormente.

No momento que o rock brasileiro está vivendo, as bandas que estão “no auge” tem uma sonoridade bem diferente do Moptop. No entanto, vocês chegaram a gravar o especial MTV Novas Bandas, com grupos como NX Zero e Fresno. Ser colocado neste mesmo “balaio” de bandas da nova geração não incomoda vocês, já que o Moptop tem uma maturidade musical que estas bandas não tem?
O projeto da MTV foi muito positivo pra gente. Tivemos a oportunidade de mostrar o nosso trabalho para um público novo, jovem que tem pouco contato com o tipo de som que fazemos. Realmente, nos sentimos mais próximos musicalmente de outras bandas do cenário nacional mas não somos de recusar convites para tocar. Já tocamos com bandas de metal, música eletrônica, hip hop… Já abrimos até um show da CeCe Peniston (“Finally it’s happening to me…”)!!

Enquanto banda vocês devem trabalhar em busca de um senso comum. No entanto quando se trata da música dos outros, vocês tem gostos parecidos ou dá muita briga por causa das diferenças?
Temos gostos razoavelmente parecidos e um apreço comum pelo rock dançante e pelos clássicos em geral. O Mario é talvez o mais excêntrico dos quatro.

Já no segundo disco, com uma trajetória mais experiente, vocês não podem mais ser chamados de revelações pela crítica. Quais as principais mudanças que vocês percebem que ocorreu desde que vocês começaram a tocar?
Temos mais público e mais facilidades para tocar mas não mudou tanta coisa assim. Temos uma estrutura melhor e um show mais bem acabado mas ainda temos a mesma empolgação de fazer música e shows que tínhamos quando a banda começou.

O Moptop foi escolhido para abrir o show de diversas bandas internacionais, como Oasis, Keane, Placebo, The Bravery, Magic Numbers e Interpol. Dessas experiências, qual foi a mais marcante? E ainda, se vocês pudessem escolher um show para abrir de que banda seria?
O Oasis foi o mais marcante pelo tamanho do evento e pela importância histórica da banda. Com o Magic Numbers foi bacana pois fizemos amizade com o pessoal e somos fãs da banda. Tem muitas histórias interessantes mas nem todas eu posso contar! Em atividade, acho que abrir pro Rolling Stones seria incrível!

Quais os próximos projetos do Moptop? Há alguma idéia de ir tocar fora do Brasil?
Temos um projeto de lançar um EP do Moptop apenas com músicas em inglês e possivelmente isso abrirá algumas portas no exterior. Esse ano, o foco ainda é a divulgação do novo álbum no Brasil.

É perceptível que vocês têm uma preocupação com o material visual da banda, como o site, a capa dos cds, os vídeos. Como surgem as idéias para estes conceitos visuais que vocês criam?
O Rodrigo e o Daniel são designers gráficos, o que facilita muito a formatação estética da banda. Nos divertimos bastante com essa parte visual embora temos menos e menos tempo para se preocupar com isso. As idéias vem quase sempre nas viagens, nas vans, nos aeroportos…não temos muito assunto entre a gente além da banda (e o flamengo). A capa é inspirada na clássica foto da batalha de Iwo Jima assim como a capa do primeiro álbum é baseada em uma pintura do Norman Rockwell.

Vocês costumam acompanhar o que as pessoas estão falando sobre o Moptop?
Acompanhamos bastante coisa mas eu pessoalmente tento me manter um pouco distante da análise dos outros sobre o nosso trabalho. Com o tempo você aceita o fato de que nunca será uma unanimidade e nem todos vão entender ou gostar do seu trabalho.

No site do Moptop tem algumas playlists que são uma amostra do gosto musical de vocês. Se pudessem recomendar algumas bandas e músicas para os fãs ouvirem quais seriam?
Atualmente, recomendo o disco Illinois de um artista americano chamado Sufjan Stevens, o novo do Kings of Leon e Ga Ga Ga, do Spoon.

A música “Bonanza”, por exemplo, tem uma pegada meio “faroeste” que lembra Kill Bill. Já “2046” também tem a influência de outro filme. Há algum tipo de alusão, seja a alguma banda ou outra forma de arte, no disco que as pessoas ainda não conseguiram captar?
Aos poucos as pessoas vão percebendo algumas influências secretas do álbum mas prefiro não entregar todas assim tão facilmente. Outro dia me falaram que “Malcuidado” parece uma musica do Pretenders…

Moptop (Foto: Lucas Bori/ Divulgação)
Moptop (Foto: Renan Yudi/ Divulgação)

Já tem alguma idéia qual vai ser a próxima música de trabalho? E ainda, cada um de vocês tem uma música predileta do novo disco?
Ainda não. Assim, como no disco anterior estamos com muita dificuldade para escolher os singles. E os fãs também tem opiniões bem diversas. Gosto de todas mas “Contramão” e “Beijo de Filme” são as minhas preferidas atualmente.

E, por último, a mais importante: qual é a piada do padre?!
O Mario é o contador oficial de piadas do Moptop e só ele pode responder essa pergunta!! Inclusive, estamos pensando em lançar uma promoção na internet para encontrar a melhor piada do padre!

SAIBA MAIS
Site oficial: www.moptop.com.br
Myspace: www.myspace.com/moptopyeahrock
Comunidade do Orkut: www.orkut.com/Community.aspx?cmm=112636
Fotolog: www.fotolog.com/_moptop_


Moptop – “Contramão” (Ao vivo no Altas Horas)