Isaar lança disco que marca nova fase: “meu ouvido para os metais veio do frevo e maracatu”
Por Paulo Floro
Isaar é peça importante para entender como a música pop no Recife conseguiu se apropriar da cultura popular sem perder seu lado cosmopolita. A cantora se prepara para lançar seu terceiro disco solo, Todo Calor, que traz 11 músicas que falam da relação dela com a cidade. A prévia acontece no Janeiro de Grandes Espetáculos neste sábado (18), às 21h.
Entre os temos estão o desapego, o amor e claro, o Recife. São 70 minutos bem enérgicos, com forte presença de metais, o que mostra uma nova fase da carreira da cantora. Isaar começou no Cumadre Florzinha, ainda na época do mangue beat e depois passou ser parceira de DJ Dolores em seus projetos. Foi aí que ganhou maior projeção. Sua voz suave, mas firme, soube explorar bem ritmos como ciranda dentro de um contexto eletrônico, que eram marcas de projetos como a Orquestra Santa Massa.
Em seu novo disco, bem mais pesado que seus trabalhos anteriores Azul Claro e Copo de Espuma, teve composições da própria cantora, além de canções de Beto Vilares, Lito Viana, Cássio Sette, e os poetas marginais França, Zizo e Graxa. Ela lançou algumas prévias desse trabalho. Uma delas foi “Casa Vazia”, que fez parte da coletânea No Mínimo Era Isso, da revista Outros Críticos e “Todo Calor”, que dá nome ao trabalho.
Batemos um bate-papo rápido com Isaar sobre esse novo disco, cena cultura e novidades para esse ano.
O seu novo show promete falar da sua relação com a cidade. Podemos esperar o mesmo no novo disco?
O show que preparei para o Janeiro de Grandes Espetáculos é o que eu posso e estou chamando de pré-lançamento do meu terceiro álbum que se chama Todo Calor. O repertório é uma apresentação da nova banda e do novo disco. Mas também remeto a músicas dos outros álbuns que foram importantes para minha chegada até aqui.
Ainda sobre esse novo trabalho, ele pode ser encarado como uma “nova fase” da sua carreira? No espetáculo você diz que será algo assumidamente urbano.
É por que o Todo Calor tem uma pegada diferente. Ele absorve outros ares que eu já vivia, mas que ainda não aparecia concretamente nas músicas
Você ficou conhecida por sua participação em projetos de DJ Dolores, fez parte do Comadre Florzinha, além de levar sua voz marcante para peças do Teatro Oficina (sem falar nas participações em discos de diversos artistas). Como é chegar ao terceiro disco solo?
Ainda não me dei conta disso, por que eu já penso como é que vai ser pra chegar no quarto. Já juntei ideias que vão se misturar a outras ideias até um dia, quem sabe… Mas, um dia que eu quero que chegue. O sentimento é esse.
Como foi o processo de gravação? Você gravou aqui mesmo no Recife? Nos conte mais detalhes.
Convidei Bernado Vieira que é produtor para acompanhar o processo. Eu o conheci na época em que ele tocava bateria com a banda Eddie. Conversei com o Estúdio Fábrica, tive Marcílio Moura na técnica. A banda já estava formada desde novembro de 2012 e o CD sendo produzido desde junho desse mesmo ano. Masterizei no Unisson com Adelmo Tenório.
Acho que a cidade não parou em nenhum minuto, para todos os lados.
Que massa. Sua música sempre explorou os ritmos tradicionais como a ciranda, dando um sotaque universal, pop. Como você explorou esses ritmos neste novo trabalho?
Nesse CD, eu gravei um frevo com arranjo de Parrô Melo. É um disco com metais graciosos. E meu ouvido para os metais veio das sambadas de maracatus, cirandas, das canções românticas e do frevo, principalmente.
Quando você começou a carreira, o mangue beat ainda estava no auge. Agora, as diversas cenas da cidade exploram propostas bem diferentes. O que acha desse novo momento?
Acho que a cidade não parou em nenhum minuto, para todos os lados. Acumulou muita garra, energia. São novos pensamentos, novas influências num momento político diferente. Mas foi bacana essa história de Cena Beto. É mais legal juntar uma galera e compor uma cena pra dar maior visibilidade pra todo mundo.
https://www.youtube.com/watch?v=tACMPuHFsio
Seu interesse pela música começou quando? Qual foi aquela primeira vez que pensou: “acho que posso fazer isso”?
Até um dia desses eu duvidava. Quando terminei este disco, pensei: é, eu acho que posso fazer isso. Mas eu gostava de ir para igreja pra cantar. No colégio fiz canto coral. São as memórias mais antigas no momento.
Quais seus planos daqui para frente com esse disco? Você planeja uma turnê de “Todo Calor”?
Plano de trabalhar muito esse disco. Depositei muito carinho e muita fé, fiz amizades e parcerias. Já to no lucro.