A SUNGA DO HOLGER
Por Lidiana de Moraes
Entre uma nova geração de bandas nacionais formadas por amigos cuja a amizade cresceu também em função dos gostos musicais em comum, a banda paulistana Holger lança finalmente o seu primeiro disco, denominado Sunga. Chamados de “new wave brasileira” e outras alcunhas, o público enfim vai poder entender o que pretende esse grupo paulista que também é conhecido como Ursão, em referência a seu mascote-logo. Pertencente a uma geração de bandas nacionais que já nascem conectadas com outras cenas além de sua própria províncio, o Holger já tem agenda em cidades dos EUA e Canadá para promover o novo disco.
Em entrevista para a Revista O Grito! antes do álbum sair oficialmente, eles falaram sobre as escolhas peculiares de nomes, a influência da arte, Bottero e de Roger Paul Mason.
Por que o nome Sunga para o disco que vocês vão lançar?
Queriamos uma nome diferente. Como cantamos em inglês pensamos em não usar essa língua para dar nome ao disco. Foi quando surgiu “Bunda”, mas achamos que seria um pouco ofensivo e sem propósito. Pensamos em vários nomes, de M’bunda a $$$$$$$. Foi quando antes de um ensaio estávamos numa parte externa do estúdio e começamos a divagar sobre o quão superior é a sunga sobre a bermuda, marca de bermuda é coisa de dente de leite. Depois de alguns minutos alguém virou e falou “- Já sei o nome do disco, Sunga!”.
O fato de vocês cantarem em inglês não prejudica sendo uma banda brasileira?
Nunca enfrentamos barreiras por cantar inglês. Vez ou outra alguém critica, mas e dai? Temos mais facilidade ao compor em inglês. Queriamos compor em português mas nunca fizemos algo em português que gostamos. É muito mais fácil falar besteira em outra lingua.
De onde surgiu o nome da banda?
Pouco antes de fazer o nosso primeiro show nós ainda não tinhamos nome. O Arthur em uma viagem para Montreal conheceu um cara sueco que se chamava Holger, e como estávamos ouvindo muitas bandas suecas na época o nome veio a calhar. Holger nada mais é do que um nome próprio muito comum na Suécia.
Ao ouvir o My Space da banda, surge uma lista de referências musicais bem distintas. Como isso contribui para o estilo musical de vocês?
Ouvimos muitas coisas diferentes. Isso acaba refletindo no som, mas nossas referências fogem muitas vezes só da música. A arte como um todo nos inspira. Nosso som é resultado do que somos, do que vemos, de quem saímos, de onde somos, de meninas, da TV.
E esse “A arte como um todo serve como um inspiração”. Dá pra citar exemplos?
Kandinsky é um artista que inspira demais nosso som. Bottero também. Buscamos muita inspiração em livros. Nas letras têm citações de James Joyce, Hemingway, Thomas Mann. Somos muito fãs de cinema Pasolini, Glauber Rocha, George Lucas, Davi Cardoso fizeram filmes que são exenciais para nossa formação.
Como é lançar o primeiro disco, mas já ter certo reconhecido da crítica e pelo público? Rola alguma pressão?
É legal, a gente já está tocando há muito tempo, já lançamos Ep, participamos de coletâneas, tocamos em muitos lugares diferentes. É bacana isso. Não sabemos muito bem como reagir, na verdade só fazemos o que mais gostamos.
E como foram as gravações do Sunga?
Gravamos baterias e percussões no estúdio El Rocha em São Paulo. O engenheiro de som foi o Bernardo Pacheco, guitarrista do Elma. Todo o resto gravamos no nosso homestudio, lá tínhamos a oportunidade de não nos preocuparmos com tempo. Gravamos durante o dia e a noite, pudemos beber, dormir no estúdio. Estávamos em casa, o que tornava tudo mais fácil. O engenheiro de som desse processo foi o Gui Jesus, e o produtor do disco como um todo foi o Roger Paul Mason.
Como foi trabalhar com o Roger Paul Mason?
Trouxemos ele para morar conosco, o que foi uma puta honra. Durante o processo todo era como se fossemos 8 e não mais cinco. O Roger virou um de nós: bebeu o que a gente bebia, comeu o que a gente comia, viajou conosco, saiu com a gente, ouviu a nova canção do Roberto, tomou um sorvete na lanchonete, soube da piscina (piada interna que não pode ser contada pra ninguém). Trouxe para o nosso som um outro ouvido, uma outra concepção. Apesar de cantarmos em inglês nosso som é brasileiro…ele não é. Ele trouxe toda uma parada nova. A luz está em tudo quanto é canto. Precisa deixar brilhar. O Roger serviu como um polidor de ouro. Ele poliu o nosso, tirou as sujeiras para que pudessemos brilhar. BRILHO. Acho que o lance mesmo é o brilho.
O fato de vocês tocarem variando os intrumentos, dificulta o processo de criação?
A energia oxalá-axé-chocolate-da-bahia (sic) acaba tocando da mesma forma para todos os integrantes, cada um tem uma malícia diferente em cada instrumento. Trocar de instrumento não atrapalha em nada, só ajuda.
Para despertar o interesse no Holger, como vocês apresentariam a banda e descreveriam o disco a ser lançado?
O Sunga é um disco que fala sobre o que vivemos sobre o que fazemos, pensamos. O lance todo é que todo mundo tem sua história, sua luz. Queríamos mostrar um pouco da nossa… meninas do colégio tem um baita brilho. O disco é inspirado nessa energia. O mundo é possivel, os sonhos existem… um monte de coisa existe, muitas estão obscuras. Tem que jogar a luz nessas, e essa luz vem de dentro. Para levar a luz para os outros tem que se expor, mostrar sua vida. O Sunga fala da gente, do que nos faz viver.