Fernanda-Takai (Foto: Nino Andrés/ Divulgação)
Fernanda Takai, que no próximo dia 28 completa 38 anos de vida, é dos raros casos do cancioneiro brasileiro a conseguir passear com tranquilidade entre o pop, o rock e a MPB.
Constantemente elogiada pela crítica, mantém uma base fiel de fãs, parte oriunda do seu trabalho com a banda Pato Fu, da qual é integrante o marido John Ulhoa, outro tanto de sua carreira solo, que teve início em 2007 após o lançamento do bonito Onde Brilhem os Olhos Seus, disco formado apenas por canções que foram gravadas por Nara Leão.
A tour foi sucesso de público e mídia especializada, não somente pelas belas músicas interpretadas pela mineira, como também pela ambientação quase noir, inspirada no filme “Sin City”, e os números cover de bandas que tiveram o auge nos anos 80 como Duran Duran e Eurythmics. Todos em arranjos diferentes, bem trabalhados, e executados com maestria pelos músicos que acompanham Fernanda nos shows, entre eles os parceiros de Pato Fu, o já citado maridão e guitarrista John, e o tecladista Lulu Camargo.
E é este show que os fãs podem conferir em Luz Negra, obra que chega ao mercado nas versões DVD e CD. Em entrevista a Revista O Grito!, a vocalista explicou como surgiu a idéia de lançar um trabalho ao vivo, planos para o Pato Fu, e ainda comentou a situação do mercado musical, que tenta se adaptar à internet. “Ainda temos a moeda do show pra viver. A internet é uma ferramenta e tanto pra divulgar nossa música, mas se fôssemos apenas autores, seria difícil se sustentar por esse lado. Acho que o mundo vai caminhar pra uma solução coletiva”.
Por André Azenha
COMO SURGIU A IDÉIA DE REGISTRAR A TURNÊ DO ÚLTIMO ÁLBUM NUM TRABALHO AO VIVO?
Desde que estreamos o show em março de 2008, muita gente vinha pedir o DVD logo após o espetáculo. Enquanto isso não acontecia, fomos vendo fotos e filmagens amadoras que nos incentivaram muito a querer fazer um documento visual do que estava na estrada.
UM SHOW EM SANTOS, VOCÊ BRINCOU DIZENDO QUE UM ARTISTA PODE TOCAR UM COVER NUM SHOW, DESDE QUE FAÇA O TRABALHO “DIREITINHO”. COMO FOI O PROCESSO PARA ESCOLHER ESSAS CANÇÕES DE OUTROS ARTISTAS QUE VOCÊ INTERPRETA NO SHOW E PARA CHEGAR AOS ARRANJOS MUSICAIS?
Foi muito simples. Quis cantar coisas que gosto muito e nunca tinha feito em público. A lista das músicas é um apanhado de minhas memórias musicais que tem essa mistura de MPB, pop, rock. Fizemos arranjos com a mesma atmosfera do álbum de estúdio e a minha voz dá unidade ao repertório. Escolhi sozinha.
A CARREIRA SOLO SERÁ SEGUIDA EM IGUALDADE COM OS PROJETOS DO PATO FU?
Vamos nos reunir com mais frequência em setembro pra gravar o décimo álbum da banda. Por enquanto, todo mundo está fazendo várias coisas paralelas. Isso é muito bom porque toda vez que a gente toca junto, fica a certeza de que o Pato Fu é um grupo que vale a pena. Quanto à igualdade da demanda de trabalho, isso acaba acontecendo mais pelo mercado do que por uma vontade nossa… Acho que o disco do Pato Fu novo sai no fim do ano ou no começo de 2010.
VOCÊ FEZ PARTE DE UMA BANDA QUE FOI UMA DAS PRIMEIRAS ENTRE AS MAIS CONHECIDAS DO ROCK-POP BRASILEIRO A UTILIZAR A INTERNET COMO MEIO DE DIVULGAÇÃO DO TRABALHO. QUAL UMA SAÍDA, EM SUA OPINIÃO, PARA UM ARTISTA SE ENVOLVER COM ESSA MÍDIA E CONTINUAR GANHANDO SEU SUSTENTO?
Ainda temos a moeda do show pra viver. A internet é uma ferramenta e tanto pra divulgar nossa música, mas se fôssemos apenas autores, seria difícil se sustentar por esse lado. Acho que o mundo vai caminhar pra uma solução coletiva. Talvez a música vá mesmo ser gratuita on-line, como é o ato de escutar rádio, por exemplo. E a criação seja remunerada de um outro jeito, na fonte, antes de um álbum ser jogado por aí… não sei direito, mas tem muita gente interessada em resolver essa questão.
O QUE PODEREMOS CONFERIR DE DIFERENTE NOS SHOWS APÓS O LANÇAMENTO DO DVD?
Vamos dar sequência ao que vínhamos fazendo. Esse show segue na estrada até janeiro de 2010. Mudei o nome pro lançamento do DVD para que as pessoas soubessem que existe um conteúdo a mais do que o álbum de estúdio de 2007. São 13 músicas do Onde Brilhem os Olhos Seus mais oito que não estavam lá. E o disco ao vivo, que não estava nos meus planos, acabou saindo porque muita gente queria esses bônus da turnê. Além disso, Luz Negra é o nome perfeito pra atmosfera estética que usamos como conceito do projeto visual.
QUAL O SEGREDO PARA CONSEGUIR CATIVAR UM PÚBLICO FIEL E TER O RESPEITO DA CRÍTICA DURANTE TANTO ANOS?
Acho que não tem segredo e sim um trabalho que tenta ser contínuo, consistente e ainda com doses de criatividade. Nem sempre a gente consegue, mas no geral temos muito orgulho de nossa trajetória. A gente só sabe fazer música assim.