Entrevista: Do Amor

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Fotos de Caroline Bittencourt

Do Amor em busca de novos caminhos
Segundo disco do grupo carioca chega essa semana com uma abordagem mais densa, roqueira e até melancólica

Por Paulo Floro
Da Revista O Grito

A banda carioca Do Amor apareceu com uma proposta descompromissada em 2010 com um disco homônimo que entregava uma mistura de rock com ritmos como pagode, carimbó, tudo com um toque de humor. Agora, eles retornam com o segundo trabalho, Piracema e já chamam atenção pela abordagem mais densa.

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É uma mudança que causa estranheza para quem tentou restringir o grupo a apenas um tipo de sonoridade. Desde quando lançaram a faixa-título em abril, já era possível perceber que o Do Amor buscava experimentar. “Ainda existem uns carimbós e rocks no meio de mais umas 12 faixas que vão para vários outros lados distintos”, disse o guitarrista e vocalista Marcelo Calado, em entrevista à Revista O Grito!.

O álbum foi composto e arranjado durante duas semanas no final de 2011 na fazenda Piracema, que acabou batizando o trabalho. “Compusemos e arranjamos mais de trinta e cinco músicas. Depois peneiramos tudo e gravamos dezoito faixas escolhidas”. A gravação foi feita ao vivo no estúdio Monoaural, com produção de Daniel Carvalho.

O disco tem lançamento oficial nesta quarta (12), mas já pode ser ouvido no Rdio, Deezer e baixado via iTunes.

Conversamos com o Do Amor sobre as mudanças no grupo, turnê e projetos paralelos (metade da banda ainda está em turnê com Caetano Veloso, na banda Cê).

O novo disco vai seguir a mesma proposta do anterior, de misturar carimbó, rock e até axé? O que podem adiantar deste novo trabalho?
Não tínhamos uma proposta definida no outro disco, portanto não há nada a ser seguido. Nunca seguimos nada no que diz respeito a diretrizes artísticas e tal, a não ser nossas próprias interrogações e convicções. Mas ainda existem uns carimbós e rocks no meio de mais umas 12 faixas que vão para vários outros lados distintos.

Pela primeira faixa-título de “Piracema”, podemos perceber um tom mais melancólico, em relação ao primeiro álbum, mais tropical, alegre. Haverá uma mudança de sonoridade?
Não uma mudança total, pois misturando a Alcione com o Belchior: “ainda somos os mesmos e vivemos como garotos marotos travessos”, mas o tempo passa e a fila anda, e não dá pra ficar se repetindo, pelo menos pra nós. Nesse album apontamos pra alguns outros nortes distintos como disse antes, naturalmente, e isso acabou dando num todo mais sóbrio e talvez mais melancólico sim, como você pode ouvir na faixa “Piracema”, por exemplo.

Todos vocês possuem trabalhos paralelos, Bubu tocou com Los Hermanos em shows recentes, tem ainda a Banda Cê, com Marcelo e Ricardo e até o Gambito Budapeste, de Marcelo. Como conseguiram conciliar tempo para a gravação do álbum? Como foi o processo?
Os projetos sempre existiram e vão existir. O povo Do Amor é muito interessado em procurar caminhos alternativos, e também muito demandado por esses caminhos, então isso é algo natural que foi, é e será tratado de forma tranquila por todos. O que não deixa de ser difícil as vezes conciliar tudo. Pra gravar o disco, reservamos duas semanas no fim de 2011, desmarcamos outros troços e nos concentramos bem no que havíamos planejado. Nessas duas semanas isolados na fazenda Piracema, compusemos e arranjamos mais de trinta e cinco músicas. Depois peneiramos tudo e gravamos dezoito faixas escolhidas, em fita analógica ao vivo, no estúdio Monoaural sob a produção do Daniel Carvalho.

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Você irão iniciar turnê para promover o disco? Que lugares esperam ir? Em 2011, vocês fizeram bastante shows, indo até Belém e outras cidades.
Turnê daquela forma de ficar 20 dias fora de casa, acho difícil, mas esperamos voltar a vários locais e fazer ainda mais outros lugares, mesmo que de uma forma mais esporádica.

O primeiro álbum foi muito bem recebido pela crítica pela originalidade, tom bem-humorado, divertido. Vocês sentiram uma “pressão do segundo disco”?
Não. Pressão, eu particularmente senti internamente, de dentro da banda, pra que o disco saísse certinho bonitinho, gostoso, cheiroso e sem muitas delongas. De fora, nenhuma.

Desde 2007, com o lançamento de EPs até hoje, o que mudou no modo como trabalham, compõem?
A forma de compor foi um pouco alterada sim. Ela se ampliou de uma forma mais comutativa. No EP e no primeiro disco, na maioria das vezes, cada um chegava com harmonias, melodias e letras prontas e os outros faziam o arranjo de forma coletiva. Em Piracema, o processo se manteve igual em algumas situações, mas em sua maioria foi alterado para uma colaboração mútua de todos os integrantes no âmago das canções; e isso é algo a se destacar muito nesse trabalho: a capacidade de comunicação, colaboração e compreensão entre nós quatro.

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