ALMA LATINA
HQ Trópico Fantasma, de Denny Cheung, explora melancolia do continente
Solidão, vazio, violência e América do Sul são temas caros ao quadrinista Denny Chang, que lança sua HQ Trópico Fantasma, pela editora Annablume. Com um traço delicado, o livro é uma espécie de caderno de viagem, com um forte tom subjetivo. Guazzeli, forte influência na obra, assina o prefácio.
O livro mostra a jornada de Sarah, uma jornalista que viaja de carro rumo à cidade conhecida como Costa Oriental. Sua intenção é escrever sobre um desmanche de navios. No entanto, ela acaba encontrando-se com um viajante sem destino, a quem dá carona, e a partir daí, todo seu foco muda. Conversamos com Chang para saber mais sobre este seu trabalho autoral, suas influências e como a América do Sul influencia em suas histórias.
O livro está à venda, tem 110 páginas, custa R$ 30 e faz parte da coleção Royale, organizada pelo quadrinista Jozz. [Paulo Floro]
O que te inspirou a fazer “Trópico Fantasma”?
O primeiro motivo da inspiração na verdade foi bem prático. O Jozz Zugliani, que coordena a Coleção Royale de Quadrinhos da Editora Annablume, me convidou pra fazer o terceiro álbum da coleção. O resto da inspiração veio da vontade, de muito tempo, em contar uma história que tratasse dos temas, sentimentos e questões que estão no livro.
Seu traço é muito delicado, um tanto subjetivo. Quais são suas influências?
Guazzelli é minha influência maior. No mais, artistas que têm o desenho bem solto, despreocupado, ás vezes beirando o tosco, sem virtuosismos chatos. No Brasil tem muito ilustrador/quadrinhista trabalhando com esse tipo de registro e acho incrível.
Como começou a fazer quadrinhos? Qual sua lembrança mais remota?
Sempre quis fazer quadrinhos, desde cedo, mas comecei a fazer quadrinhos mesmo, tipo “vamos levar a sério isso”, em 2005. Comecei no Pop Balões do Zé Oliboni e logo publiquei na Jukebox (RJ) e assim foi. A lembrança mais remota que tenho de fazer quadrinhos, foi em uma aula de português no colégio. Tínhamos que fazer um texto falando sobre a violência no Brasil e eu fiz uma HQ de 4 páginas, com um apresentador revisitando casos recentes de violência no país. A HQ tinha um final bem pessimista. (risos)
A HQ funciona como um livro de viagem. A América do Sul é uma inspiração?
A América do Sul é uma inspiração, sem dúvida. E sempre vai ser. Em 2010, juntamente com o Jozz, fiz uma viagem por alguns países no continente e, desde então, essa inspiração que a América Latina me traz só intensificou. Há muitas culturas e histórias aqui, é um continente rico e selvagem e isso tudo me tira o folêgo. Quero fazer parte disso.
Quais são seus próximos planos como quadrinista?
Tenho projetos e ideias, mas agora o importante é divulgar bastante o “Trópico…”, fazer chegar nos lugares onde quero que chegue e nos que não tenho nem ideia que pode chegar.