Entrevista Camera Obscura

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A banda escocesa Camera Obscura se apresenta no Brasil esta semana, com shows em Recife e São Paulo. Eles promovem o novo disco Maudlin Career, uma clara evolução para uma banda que se cansou de ouvir comparações com os compatriotas Belle & Sebastian.

Como os brasileiros poderão comprovar, o som do grupo tem uma personalidade marcante, um estilo bem-humorado, com referências sixties propositadamente exageradas. Antes uma descoberta exibida com orgulho por um séquito de fãs, a banda agora mostra que tem força na cena independente para conquistar grandes plateias.

O grupo chega por aqui dentro do Whisky Festival e, claro, passam por Recife, cidade que mais consome a bebida no mundo segundo a revista Whisky Magazine. Tudo muito escocês, a Revista O Grito! decidiu fazer uma entrevista mais pessoal para a líder do Camera Obscura, Tracyanne Campbell.

A cantora e compositora falou sobre as letras autobiográficas do novo disco da banda, bandas preferidas e o fato de serem amigos mesmo quando não estão em turnê. “Acho que temos sorte”.

Qual a lembrança mais remota que você tem de querer trabalhar com música?
A minha paixão para música existe desde que eu era uma criança. Desde bem pequena eu era tinha contato com artistas como Elvis, Nancy Sinatra, The Beach Boys, The Brothers Everley, Paul Simon e Carole King com as coleções de discos dos meus pais e avós. Eu tive o meu primeiro disco – Why Do Fools Fall In Love, de Diana Ross quando eu tinha 7 ou 8 anos de idade e a partir daí a música significou tudo para mim.

Alguma coisa mudou desde que você assinou com a 4AD? As vendas estão aumentando?
Acredito que o modo como somos vistos em todo o mundo mudou e nos tornamos maiores desde que assinamos com a 4AD.

Você sente alguma diferença em tocar para grandes platéias?
Estou bem com grandes audiências. Não é a quantidade de pessoas que é importante em um show, é a relação entre a banda e o público que faz diferença em um show.

As letras do último álbum mais autobiográficas? É claramente um registo mais pessoal, este último álbum?
Sim, o último álbum foi mais autobiográfico do que as anteriores. Eu acho que é importante tentar coisas diferentes. Randy Newman, por exemplo, tende a não escrever autobiograficamente, enquanto Paul Simon sim. Estes são dois dos meus escritores favoritos e são os responsáveis pelas canções ganharem vida e envolver o ouvinte. Acho que ainda estou aprendendo meu ofício.

Musicalmente, o álbum trouxe novas alterações para o som dos Camera Obscura?
Eu acho que nosso som está mudando, de um modo mais orgânico. Não tínhamos a intenção de fazer grandes mudanças, mas acho que, natural e sutilmente, nosso som mudou para melhor.

Como é a rotina da banda? São amigos quando não estão trabalhando ou em turnê?
Nós tendemos a gastar muito tempo em turnê, então estamos sempre juntos na maior parte do tempo. Quando estamos em casa, nos mantemos em contato e até vemos uns aos outros socialmente. Nós somos amigos, bem como companheiros de banda. Temos sorte que somos dessa maneira.

A banda tem uma obsessão musical em comum?
Todos ouvimos músicas diferentes uns dos outros, mas há definitivamente alguns que todos nós amamos – M. Ward, Fleetwood Mac, Michael Jackson, Teenage Fanclub, Yo La Tengo, entre outros.

Recife e São Paulo são centros musicais do Brasil. Você vai ter tempo para aprender mais sobre as bandas na cidade?
Eu não sei se vamos ter tempo para ver outras bandas, mas estamos conscientes da música brasileira e que seria bom nós descobrirmos algumas coisas novas.

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