Entrevista: Anita Costa Prado

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katita sinuca

PARA SEMPRE KATITA
Autora Anita Costa desenha personagem lésbica mais conhecida das HQs nacionais com toques de autobiografia

Por Lidianne Andrade
Colaboração para a Revista O Grito!

“Lésbica, feminina e charmosa”, é assim que a paulistana Anita Costa Prado define a personagem Katita. Irreverente, a mulher dos quadrinhos é agraciada por muitos leitores de todo Brasil. Baseada em fatos reais, as tiras contam o cotidiano de uma lésbica com muito humor e irreverência ao tema diversidade. Por trás da personagem, a grande mente criadora Anita Costa diz “amar falar de Katita”, por isso aceitou com prazer ser entrevista pela Revista O Grito!.

Um das personagens lésbicas mais famosas dos quadrinhos brasileiros já ganhou vida por diversas mãos ilustradoras como Laudo Jr., Lauro Roberto, Leonardo Braz Muniz, Tarcílio Dias Ferreira e Ronaldo Mendes, mas sempre teve por trás das historias engraçadas, a mente de Anita “feliz em ver sua personagem rodar o Brasil”. Até 2006, ela só era vista em livros e revistas do submundo do HQ, fanzines e quadrinhos independentes, até ganhar livro, Katita – Tiras Sem Preconceito, da editora Marca de Fantasia.

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Autora também é poeta; tiras ficaram famosas na cena indie das HQs (Foto: Divulgação)

Personagem e criatura se cruzam em folhas, tempo e espaço. “Quase tudo pois a personagem é meu alter ego. Lógico que na linguagem dos quadrinhos de humor existe um exagero, mas a essência é real: somos vegetarianas, bem humoradas, gostamos de cinema e criticamos padrões arcaicos. Só lamento não ter a cinturinha da Katita”, brinca a autora.

Em 2008 a personagem ganhou mais responsabilidade na sua existência: informar. Tornou-se porta-voz da diversidade sexual em postais e na cartilha da visibilidade lésbica publicada pela Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual (Cads), da Prefeitura de São Paulo.

Sobre a participação de Katita em cartilhas e folders, Anita mostra-se bastante entusiasmada e feliz com o resultado: “Acho importante a visibilidade de uma personagem que enfrenta o preconceito com humor. O desenho é uma ferramenta eficaz para atrair a atenção dos leitores”, comenta.

Formada em contabilidade pela Faculdade Campos Salles, em São Paulo, a autora ficou como a escrita como maior forma de expressão. O interesse pela escrita e quadrinhos vem desde a infância. “A partir do momento que precisei de desenhistas para ilustrarem minhas crônicas e poesias, entrei para o mundo dos quadrinhos”, conta. Com o tempo, a escritora foi elaborando roteiros e percebendo a ausência de uma personagem sexualmente assumida e assim criou a Katita, em 1995.

Poetisa prolífica e constantemente sendo entrevista por seu trabalho literário na área, Anita flerta constantemente com as duas artes: quadrinhos e a poesia. Duas partes do seu ser, cada uma com uma parte distinta de sua criatividade. “Tenho maior facilidade com a poesia pelo simples fato de fazê-la sozinha. Nos quadrinhos, estou atrelada ao desenhista. Elaboro os diálogos, faço o roteiro e esboço do que quero transmitir, mas necessito da finalização visual dele”, conta.

E o futuro de Katita? “Espero que muitos autores ainda levem minha pequena adiante”, declara. No momento a artista está divulgando o lançamento atual, a revista O Preconceito é Um Dragão e o e-book Tiras Sem Preconceito, que podem ser lidos gratuitamente no site da editora: http://www.marcadefantasia.com/ebook/katita-ebook.pdf.