Da Revista O Grito!, em Fortaleza
Ao som de “Transmission”, do Joy Division, um modelo loiro, de olhos semicerrados avança na passarela com um passo bem leve, como se desse um rolê pelo calçadão. Ele sustenta uma saia drapeada cinza. Mais adiante, um negro de corpo escultural veste uma blusão preto que na verdade é uma rede, escondendo seu rosto. São esses os destaques do desfile do carioca Mário Queiroz, que completou 18 anos de carreira e fez um desfile comemorativo na abertura do Dragão Fashion Brasil, em Fortaleza, nessa quarta (23).
Essa instiga de experimentação de Queiroz, apesar da carreira longeva, define bem o estilo do DFB, mais voltado para uma moda autoral e menos comercial.
Mário Queiroz desfila sua coleção de roupas masculinas exclusivamente no Dragão há dois anos. Fez sua carreira no São Paulo Fashion Week, mas passou a investir em uma abordagem mais indie depois de se desiludir com a burocracia do esquemão fashion. Em entrevista para o site do evento, usou o termo “estrangulamento da moda”. “O negócio (de moda) ficou muito caro por tudo que envolve: os pontos, a manutenção, os vendedores, os impostos… roupas baratas e estoques renováveis em pouquíssimo tempo.”
O desfile apresentado por Queiroz nessa abertura do Dragão Fashion Brasil recupera o espírito punk do estilista, com toques de vanguarda que não vemos com frequência em outros eventos no Brasil, como o Fashion Rio e SPFW. Os modelos trouxeram diversidade nas abordagens e nas peças, com presença de macacões, sungas de colo alto, bermudas curtíssimas, jaquetas. Em comum, uma investigação sobre os limites do homem contemporâneo. Pode não parecer, mas a tarefa de imaginar uma indumentária masculina além dos padrões, mas sem ser parecer forçado, é tarefa difícil.
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* A Revista O Grito! viajou a convite da organização do evento