O carnaval de rua pernambucano ganha destaque em um novo documentário sobre as raízes e resistências por trás de um dos mais antigos blocos da região. Intitulado Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua, o filme dirigido pelo cineasta Matheus Rocha conta a história do Bloco Foiará, fundado há 67 anos por trabalhadores da Vila da Fábrica, a primeira vila operária da América Latina.
A produção, contemplada pelo edital da Lei Paulo Gustavo de 2023, apresenta o Foiará como um símbolo de resistência cultural e comunitária em meio à crescente elitização do carnaval pernambucano. Enquanto eventos privados e trios elétricos dominam a cena, o bloco mantém viva a tradição do carnaval popular, preservando suas raízes e promovendo uma festa democrática.
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O documentário revela detalhes da fundação do bloco, ocorrida em 1957, quando os trabalhadores da Vila da Fábrica decidiram criar sua própria folia após terem sido negadas folgas pelos patrões durante o carnaval. Desde então, o Foiará tornou-se um ponto de encontro da comunidade, celebrando não apenas a festa, mas também a resistência da classe trabalhadora.
Uma das características marcantes do Bloco Foiará é seu “ritual” anual, que remonta à década de 50. Os foliões se reúnem na “boca da mata” de Camaragibe, aguardando a saída do Foiará, personagem principal do bloco, que simboliza a defesa da flora local. A tradição é acompanhada por uma orquestra de frevo tradicional, marcando o início de uma jornada pelas ruas da Vila da Fábrica.
Além de resgatar as tradições do carnaval de rua pernambucano, o documentário Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua também aborda o período da ditadura militar brasileira. O nome do filme é uma referência à canção de Sérgio Sampaio, utilizada como um grito de resistência durante os anos de repressão. O bloco enfrentou censura e perseguição durante o regime, mas manteve-se firme em sua luta pela liberdade e pela preservação da cultura local.
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Os projetos contemplados com com o edital da Lei Paulo Gustavo lançado pela Prefeitura de Camaragibe estão previsto para serem lançados entre julho e agosto, durante uma série de eventos realizados pela Fundação de Cultura de Camaragibe. Especificamente, o evento de exibição dos projetos audiovisuais contemplados com o edital acontecerá na sede do Teatro Bianour Mendonça Monteiro, Av. Dr Pierre Collier, 440 – Vila da Fábrica.
O documentário compõe a lista do edital chamada Apoio ao Audiovisual. Foram 43 propostas analisadas e apenas 3 selecionadas, sendo uma delas o documentário Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua, considerado de maior relevância para a cultura municipal.
A obra conta com uma equipe composta por nomes como Marcos Lacerda e Júnior Souza na fotografia e uma produção liderada por Du Lopes.