DJ /rupture | Uproot

rupture

COLAGEM ÁRDUA, PORÉM CERTEIRA
Produtor nova-iorquino acerta na difícil mistura de dubstep em seu novo disco de remixes
Por Paulo Floro

DJ/RUPTURE
Uproot
[The Agriculture; 2008]

arton7112A produção de Jace Clayton, mais conhecido como DJ /rupture, produtor e DJ nova-iorquino é extensa. Tão extensa que é difícil para iniciados curtir seu som, já que grande parte do seu trabalho contém experimentações pra lá de insólitas. Já seus discos de mixagens geralmente carregam boas surpresas. É o caso deste Uproot, que chegou às lojas – e blogs de mp3 mais descolados – semana passada.

Este trata-se do primeiro mix solo desde Low Income Tomorrowland (2005) e mostra uma aprofundamento de Clayton por outras vertentes, sobretudo o reggae. Como outros ícones do mash-up como o Girl Talk, a intenção do /rupture é construir um significado em cima de partes aparentemente desconexas. E essa busca por sentido aqui assume uma dificuldade extra, por conta da base utilizada, o dubstep.

Ainda que nem todo o álbum se utilize do estilo, é de se reconhecer a maestria nas colagens. O dubstep por si só já é um gênero incrivelmente particionado e a mistura em Uproot, que vai de climas árabes a Hip Hop deu muito certo. “Too Much”, é uma das provas: com uma base viciante, dá pra dançar como se estivesse numa roda esfumaçada de amantes de Jah. Para os que não curtem o mote, bom é aguçar os ouvidos e perceber os inúmeros pedaços que estão por trás das batidas.

Como as sequências das faixas são coladas sem pausa, em alguns momentos a proposta se torna cansativa, sobretudo num contexto que não seja uma festa ou a trilha de uma experiência antropológica em algum lugar exótico (ou a Jamaica, de preferência). Profundo conhecedor de diversos estilos e bandas obscuras, mas não menos relevantes, DJ /rupture faz com este seu disco um convite para um “open mind” para ritmos desconhecidos. Ele mixa artistas como Ekkehard Ehlers, Moving Ninja e Clouds. Quem se interessar, é possível seguir a obsessão do moço em seu blog e também nas suas resenhas na revista Wire. Sim, pra completar o bonito é crítico de música. Tanta pretensão não poderia ser desperdiçada.

NOTA: 8,5

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