Diamante Negro

Eduardo das Neves foi um dos mais populares artistas do início do século 20 e o primeiro cantor preto a gravar uma música. Mas seu nome ainda está longe de ter o reconhecimento merecido

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Títulos e descrições dadas a Eduardo das Neves em jornais e livros da época.
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Letra da música “A Capital Federal”, publicada no livro Mysterios do Violão (1905). A música leva o título da peça teatral cômica de Arthur Azevedo, encenada pela primeira vez em 1897. Aliás, o trecho da canção citado no quadrinho é na verdade uma citação direta do texto da peça.
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Letra da música “Canoa Virada”, descrita como “espécie de hino popular da Abolição da escravidão” pela historiadora Martha Abreu.
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Cartão de visita de Eduardo das Neves. Fonte: Francheschi, 2002.
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A história dessas páginas é relatada por Martha Abreu. De acordo com a historiadora, em 1915, no Rio Grande do Sul, Eduardo das Neves sofreu racismo de um dono de um bilhar, que não queria atendê-lo por ser negro. O músico teria procurado o delegado de polícia local, que obrigou o proprietário a servi-lo. Sem intimidar-se, Dudu ficou no bar e ao ir embora teria exclamado: “Viva o Brasil!”. Ver: Monteiro Lopes e Eduardo das Neves: histórias não contadas da primeira república, p. 136.
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Ver João do Rio, A Alma Encantadora das Ruas, p. 104.
A fala de Eduardo das Neves nesta página foi tirada da introdução escrita pelo próprio cantor ao seu livro Trovador da Malandragem (1926). É o único texto não musical de Neves, em que ele fala sobre como a sociedade não reconhecia que um “crioulo” pudesse falar sobre política e problemas nacionais da época. A historiadora Martha Abreu detalha esse argumento em vários trabalhos.
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Sinhô (1888 – 1930) e João da Baiana  (1887 – 1974) foram dois cantores e compositores cariocas considerados dois dos pioneiros do samba, famosos nas décadas de 1920 e 1930. Aliás, a última música gravada por Eduardo das Neves, “Só Por Amizade” (1919), era de autoria de Sinhô.
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A circulação de Eduardo por culturas musicais do Nordeste e influência destas no seu estilo de tocar foram observadas pelo músico e compositor Rodrigo Caçapa em entrevista ao autor e nas aulas de seu curso “Por Uma Discografia Nordestina”. Caçapa destaca, por exemplo, que Eduardo incorporou a afinação da viola em algumas gravações e musicou o cordel Rabicho da Geralda.
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“A Europa curvou-se ante ao Brasil” é parte da letra de “A Conquista do Ar” (1902), um dos primeiros sucessos de Eduardo das Neves cuja letra evoca os feitos de Santos Dumont. Em 1984, o compositor Arrigo Barnabé utilizou esse verso como título de uma música, com vocal de Paulinho da Viola.

Diamante Negro
Reportagem: GG Albuquerque
Arte e narrativa em quadrinhos: Marília Marz
Edição: Paulo Floro
Revisão: Alexandre Figueirôa
Programação Web: Felipe Dário


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