Da Revista O Grito!, em Fortaleza
O Dragão Fashion Brasil completou 17 anos em 2016 comemorando o fato de ser o maior evento de moda autoral da América Latina. Pelo segundo ano consecutivo no Terminal Marítimo de Fortaleza, o festival dobrou de tamanho e abrigou ainda o 1º Seminário Latino-Americano de Moda, Cultura e Desenvolvimento. A Colômbia foi o país homenageado, o que refletiu a intenção do Dragão em propor um intercâmbio da produção independente latina. O evento aconteceu entre os dias 4 e 7 de maio.
A moda autoral apresentada nos quatro dias de evento se reflete ainda na busca por uma indumentária que reflita as referências locais (Brasil e América Latina), e não apenas uma adaptação de tendências que vem do Hemisfério Norte. Ao dar holofote a essa originalidade, o Dragão ajuda a fomentar toda uma cadeia de produção têxtil, sobretudo do Ceará, mas também de outras partes do País. E unindo moda dentro de um contexto de arte e cultura, acabou crescendo e se estabelecendo dentro do calendário fashion do Brasil.
Neste ano foi possível ver nas passarelas uma atenção ainda mais especial para referências à América Latina e também à cultura sertaneja. Foi o caso dos desfiles de Lindebergue Fernandes, Gisela Franck e Babado Coletivo. Já publicamos matérias sobre os desfiles de Lindebergue, Mark Greiner e David Lee. Agora, selecionamos destaques deste ano que valem ficar de olho.
LIZZY (imagem acima)
Marca franco-brasileira, a Lizzy trouxe ao Dragão Fashion uma coleção inspirada nos jogos de espelhos com peças que criavam ilusões e também efeitos visuais. A maquiagem meio gótica ajudou a dar um tom de drama ao desfile. Com o nome “Reflexos”, a coleção foi inspirada no escritor francês Jean Baudrillard e seu livro A Troca Simbólica e a Morte. A ideia foi problematizar a obsessão de algumas mulheres pelo espelho.
WEIDER SILVEIRO
Piauiense radicado em São Paulo, Weider é conhecido pela sua roupa com forte inspiração urbana. Para o desfile ele usou sucessos do Funk brasileiro, incluindo “Atoladinha” e “Baile de Favela”. A ideia da coleção, toda em branco em vermelho, foi inspirada nas comunidades indígenas e no uso do urucum para pinturas corporais. Ao final do desfile ele quebrou o protocolo e fez com que todas entrassem pulando e dançando ao som do batidão.
GISELA FRANCK
Nome já tradicional do Dragão, Gisela Franck fez uma coleção com peças do mestre Espedito Seleiro, um dos mais importantes artesãos do Cariri. Dessa união saíram peças que remetiam a um Sertão longe dos clichês e que apostavam em uma modelagem estruturada.
LENERD
Representante colombiana no evento, a marca é conhecida por suas peças minimalistas. O desfile trouxe a música, os tecidos, as cores e a natureza da Colômbia para as passarelas do Dragão. A ideia foi mesmo alimentar esse intercâmbio latino. O estilista usou cores chamativas e muita lã com brilho, dando toques tanto de luxo quanto de tradição.
* O jornalista viajou a convite da organização do festival.