DFB2015: Arte Gótica e Concretismo ganham as passarelas do primeiro dia

dragao lino
Look de Aladio Marques, um dos destaques da abertura. (Divulgação).
Look de Aladio Marques, um dos destaques da abertura. (Divulgação).

Trabalhos autorais de Aládio Marques e João Paulo Guedes são destaque na primeira noite do Dragão Fashion Brasil

Por Alexandre Figueirôa
De Fortaleza (CE)

O primeiro dia do Dragão Fashion Brasil 2015, em Fortaleza, mostrou porque o evento é hoje o mais badalado do país quando se fala de moda autoral. Em sua décima sexta edição, o DFB está acontecendo no Terminal Marítimo de Passageiros do Porto de Fortaleza, transformando o espaço numa grande vitrine de moda contemporânea onde, além dos desfiles, está programada uma série de ações culturais com debates sobre o processo criativo e a cadeia produtiva da moda, cursos e concursos para novos talentos.

A noite de abertura dos desfiles levou para as duas salas especialmente preparadas para as apresentações os estilistas André Sampaio, estreando no DFB; Almerinda Maria, conhecida por seus bordados e rendas de alta costura; Aládio Marques, em sua terceira participação no evento; Christina Crawford, diretora criativa de sua marca com sede em Milão, Itália; João Paulo Guedes, que vem ganhando destaque internacional em moda masculina; e Lino Villaventura, nome já conhecido da moda brasileira e veterano do evento.

O cearense André Sampaio apresentou sua coleção inspirada num álbum de família com fotos das décadas de 30 e 40 do século passado. A partir daí ele realizou modelagens onde refez a imagem feminina e a trouxe para a contemporaneidade. As peças apresentadas tem cortes assimétricos, detalhes recortados e aplicações. Sampaio recorreu a tecidos urbanos e põe em confronto silhuetas e formas sem deixar de acompanhar as tendências do momento com croppeds (as blusas acima do umbigo) e hot pants.

Divulgação.
André Sampaio: inspiração em álbum de família. Divulgação.

Cortes geométricos e peças criando contrastes entre rigidez e fluidez marcou a coleção do baiano Aládio Marques. Entre os desfiles da noite de quinta do DFB foi o que estabeleceu um diálogo mais intenso com a arte contemporânea. Usando materiais como organza de seda, tressê de acrílico com viscose e cetim de seda, Aládio buscou inspiração nas obras concretistas e neoconcretistas do artista plástico Hércules Barsotti. Os 20 looks femininos mostrados destacaram o espírito esportivo elegante da coleção, cuja cartela de cores restrita ao branco, preto e amarelo/laranja dão um resultado dinâmico e esteticamente refinado às indumentárias.

Aládio: diálogo com a arte contemporânea. (Foto: Divulgação).
Aládio: diálogo com a arte contemporânea. (Foto: Divulgação).

Mas, sem dúvida, o desfile mais aplaudido da primeira noite do DFB foi o de João Paulo Guedes. A apresentação da coleção masculina Gothic Art marcou a estreia do estilista cearense no Brasil. Guedes, natural de Quixeramobim, está há pouco tempo no mercado de moda e, no ano passado, foi premiado com esta mesma coleção no Emerging Menswear Desaign Awards Competition, em Toronto, Canadá, onde vive há seis anos. Seu trabalho foi divulgado em publicações internacionais como a Vogue italiana e o levou a estudar moda na Índia, onde passou três meses.

As estampas são a especialidade do estilista e foram inspiradas na arte gótica a partir de suas observações de catedrais e vitrais em viagens feitas por ele a New York e Londres. As peças mostram referências arquitetônicas dessas construções, predominando os tons escuros com destaque para o preto, o azul-marinho e o bordô. O efeito visual revela sobriedade e ao mesmo tempo sugere um contexto arrojado e contemporâneo. Um trabalho que une sofisticação e usabilidade.

André Marques: o mais aplaudido da noite. (Divulgação).
André Marques: o mais aplaudido da noite. (Divulgação).
Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

As rendas de Almerinda Maria também foram muito bem recebidas pelo público presente ao DFB. É um trabalho de altíssima qualidade que valoriza a produção artesanal com peças de corte impecável e desenhos modernos. Lino Villaventura encerrou a programação com um desfile trazendo a diversidade de sempre, com peças femininas e masculinas usando a mistura de materiais e estilos que caracteriza seu trabalho.

A segunda noite do DFB promete bons desfiles com destaque para o cearense Lindebergue Fernandes e o pernambucano Melk Zda que preparou para o evento uma coleção inspirada nas flores regionais, explorando técnicas do bordado brasileiro.

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Almerinda Maria

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Lino Vilaventura

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* O jornalista viajou a convite da organização do evento.