Mesmo flopado nos cinemas, saga Dezesseis Luas ainda é destaque no mercado editorial
Quarto livro será lançado na Bienal do Livro e chama atenção pela abordagem inusitada do “sobrenatural adolescente”
Por Letícia Marques
Colaboração para a Revista O Grito!
Dezesseis Luas (Beautiful Creatures originalmente) é o primeiro livro da série Beautiful Creatures, escrito por Kami Garcia e Margaret Stohl. Conta a história de Ethan Wate, um garoto de dezesseis anos, que vive na pequena e pacata cidade de Gatlin, ao sul dos Estados Unidos, onde nada acontece. Seu maior sonho é sair daquele lugar, de preferência para uma universidade bem distante, longe dos moradores fofoqueiros, das adolescentes que treinam para ser as fofoqueiras do futuro e do seu pai, que se isolou completamente do mundo após a morte de sua mãe. O livro é mais uma série que ganha impulso nas livrarias depois da chegada de uma adaptação aos cinemas. Mas, aqui temos um problema: o longa foi um fiasco de bilheteria (custou 60 milhões de dólares e rendeu quase o mesmo, US$ 60.052).
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Nos livros, Dezesseis Luas vai bem, obrigado, e com fãs fieis. Dezesseis Luas estreou no Brasil no dia 1º de março, tendo Alden Ehrenreich como Ethan Wate e Alice Englert como Lena Duchennes. Foi dirigido por Richard LaGravenese (de P.S. Eu Te Amo) e ainda conta com Emma Thompson e Viola Davis no elenco. Como adaptação, não é das piores (Percy Jackson e o Ladrão de Raios sempre servirá de parâmetro nesse quesito), mas muda muita coisa na história e nos personagens. O começo é praticamente idêntico e chega a entediar a leitura para quem viu o filme antes. Mas da metade para o final, muda tudo. É praticamente uma nova história. E uma bem melhor.
Um livro de bruxas diferente
Lena Duchannes é a razão para isto. Quando ela aparece, tudo muda. Diferentemente de todas as meninas que Ethan já vira, Lena não chama a atenção dele apenas por ser esquisita e todos a odiarem na escola. Ele não consegue tirar da cabeça o fato de que ela parece demais com a garota que vem povoando seus sonhos há meses.
Quando Ethan começa a se aproximar mais de Lena, ele percebe que há muito mais por trás da garota do que apenas seu gosto estranho para se vestir, seus tênis surrados como se ela pudesse sair correndo a qualquer instante, ou seu colar com todo tipo de lixo pendurado. Lena é diferente em um nível totalmente inimaginável. Ela tenta a todo custo esconder seu segredo de Ethan, até que o inevitável acontece e ele se vê preso em meio a um mundo que jamais imaginaria ser possível. Lena é uma Conjuradora. E não apenas isso. Ela está a dias de descobrir se será levada para o lado da Luz ou das Trevas.
Levando em consideração que o livro nada mais é que um livro de bruxos, apesar da palavra ser vista como ofensa ao decorrer da história, Dezesseis Luas cativa pela sua tentativa de achar saídas diferentes nesse gênero. Não é apenas uma garota que faz bruxaria e luta contra o mal. A bem da verdade, isso nem mesmo acontece. A não ser que o mal esteja dentro dela. Porque tudo que Lena faz é lutar contra seus próprios poderes, com medo de que possa acabar indo para o lado das Trevas. Ela não batalha para proteger o mundo de um bruxo malvado ou algo do tipo. Tudo que ela quer é ser normal.
Bem, a parte do “só quero ser normal” realmente é bastante clichê, mas o que mais cativa a atenção é o fato de não ter aquele foco monótono no romance entre Ethan e Lena. Há romance? Sim. Enquanto Ethan tenta ajudar Lena a se proteger do que está por vir, os dois se envolvem. Mas há mais do que isso. Há mais do que um garoto tentando beijar a namorada o tempo todo ou a namorada pensando em um futuro com casamento e filhos.
O livro não é completamente focado no romance dos dois. Mostra o amor do filho que perdeu a mãe, do pai que perdeu a esposa, da filha que ama o tio incondicionalmente, apesar de haver tantos segredos nas famílias. O que o livro transmite, e com maestria, é que não há nada mais importante do que a família. E por família, não falo apenas da de sangue, mas daquela que está sempre pronta para arriscar a própria vida para proteger os que amam.
Os três primeiros livros da série (Dezesseis Luas, Dezessete Luas e Dezoito Luas) já estão disponíveis no Brasil, publicados pela Galera Record. O quarto e último, intitulado Dezenove Luas, está previsto para ser lançado durante a Bienal do Livro do Rio de Janeiro, que acontecerá do dia 29 de agosto a 08 de setembro no Riocentro.
DEZESSEIS LUAS
De Kami Garcia e Margaret Stohl
[Galera Record, 490 págs, R$ 39,90 / 2010]
Tradução: Eliane Winarski
DEZESSETE LUAS
De Kami Garcia e Margaret Stohl
[Galera Record, 467 págs, R$ 39,90 / 2011]
Tradução: Eliane Winarski
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DEZOITO LUAS
De Kami Garcia e Margaret Stohl
[Galera Record, 407 págs, R$ 39,90 / 2013]
Tradução: Eliane Winarski
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