Capítulo ainda pouco conhecido da biografia de um dos maiores artistas da música brasileira, a história da família biológica de Milton Nascimento está prestes a ser recuperada em livro com o lançamento de De Onde Vem Essa Força: Histórias da Família Nascimento de Minas Para o Mundo. A obra, que chegará ao público pela editora Letramento, foi idealizada pela prima do cantor Vilma Nascimento, em coautoria com os jornalistas Jary Cardoso e João Marcos Veiga.
Bituca, que perdeu a mãe ainda bebê, quando tinha menos de dois anos, encontrou acolhimento e amor materno em Lilia, figura que atravessou a obra do cantor e tem uma faixa em seu nome no clássico Clube da Esquina. Maria do Carmo, ou Carminha, como era carinhosamente conhecida sua mãe, era a primogênita da Vó Maria e morreu de tuberculose aos 26 anos de idade.
Através de uma narrativa marcada, antes de tudo, pelo protagonismo feminino, De Onde Vem Essa Força refaz o percurso das duas Marias, a avó e a mãe. O título percorre uma trajetória que começou na primeira década do século 20, na Zona da Mata mineira, história que poderia passar facilmente despercebida em um país como o Brasil, marcado pela desigualdade social e herança escravocrata.
“Esta é uma pesquisa que mostra o rosto forte e alegre de nossas tias, primas e primos por esse Brasil. E me deixa muito feliz que o público possa conhecer essa história através desse belo livro”, celebra Vilma Nascimento. Ela, que também é cantora e tem disco autoral lançado nos anos 1980, além de trabalhos de backing vocal com Gilberto Gil e Luiz Melodia, ganha um dos versos da canção “Raça“, de Milton, ao lado da Tia Ercília.
Sucesso antes mesmo do lançamento, De Onde Vem Essa Força deve chegar às livrarias de Belo Horizonte, Juiz de Fora, Lima Duarte, Três Pontas, Alfenas e Salvador a partir do ano que vem. A pré-venda, que iria até essa quinta-feira (26), data do aniversário de 81 anos de Milton Nascimento, esgotou antes mesmo do dia terminar.
Pela dimensão da figura artística de Bituca, o título acaba também revelando episódios da própria MPB, a exemplo de quando o cantor esteve em Juiz de Fora, em 1972, para se apresentar no V Festival de Música Popular Brasileira e levou amigos para uma feijoada na casa dos parentes. Com direito a música no quintal, o encontrou reuniu os cantores Gonzaguinha e Joyce, os músicos Tutty Moreno e Novelli, dentre outros.