Curtas pernambucanos estreiam no MAM do Rio de Janeiro

FOTO 3 AUTOR JULIANO VALENÇA
Discurso da especulação e verticalização da cidade do Recife é tema de 'Cavalo Concreto'. / (Foto: Divulgação)

A nova safra de curtas pernambucanos ataca agora no ROTA – Festival de Roteiro Audiovisual, que ocorre no Rio de Janeiro, desde a última sexta-feira (28). Quatro filmes produzidos no Estado participam da Mostra Competitiva, no Museu de Arte Moderna (MAM) no Rio de Janeiro, que se desenrola até o domingo (30).

Com produção do coletivo LA Sangre Mamute Produções, Quanto Mais Longe Vou, Mais Perto Fico, dirigido por Daniel Ortega, estreia neste sábado (29), às 19h45. Existem cerca de 20 festivais musicais exclusivamente de forró e shows cada vez mais demandados em vários países na Europa. Esse é o cenário vivido hoje pelo forró brasileiro de raiz no continente, um mercado que já voltava seus ouvidos há algum tempo para essa música, mas que nos últimos anos entrou num processo de consolidação.

As filmagens foram realizadas em 2013, durante a segunda turnê do Quarteto Olinda pelo Velho Continente, em que Daniel Ortega assinou também a fotografia com Yuri Rabid. Quanto Mais Longe Vou, Mais Perto Fico mescla registros das experiências dos quatro músicos (Cláudio Rabeca, Guga Amorim, Carlos Amarelo, além de Rabid), que compunham a banda, com entrevistas com pessoas que movimentam essa cena cultural, como professores, músicos e alunos.

Outra novidade do festival é o debut de Juliano Valença com o curta Cavalo Concreto. A sessão ocorre neste domingo, às 19h15. A ideia de utilizar a temática do Cavalo Marinho, folguedo pernambucano, amadureceu para uma concepção em que este festejo se misturou com o discurso da especulação e verticalização da cidade do Recife. De forma lúdica, conta a estória de um grupo de teatro que encena sua nova peça numa fazenda em ruínas.

Contemporizando o Cavalo Marinho, onde é realizada a venda do boi, o roteiro gira em torno da venda de um apartamento na área nobre da cidade da capital pernambucana.Capitão, interpretado por Christian Manos, tenta enrolar os compradores. Ao passo que denigre quem vive na parte pobre da cidade, enaltece a área verticalizada, sinal de status. Na contramão do discurso elitista, surge o poeta, vivido por Túlio Baia. Seu pensamento utópico se revela nas poesias, que compõe grande parte do texto. A quebra entre real e imaginário vem na forma do Diabo (Bruno Leão), que causa um choque no que esta sendo contado. O diabo e personagem fundamental nos conflitos que vem a seguir. A segunda ruptura no status quo vem a partir da polícia, que reprime o ensaio dos artistas com o uso do abuso de autoridade.

De Pernambuco há ainda no festival Coração do Mar, de Rafael Nascimento. A sinopse informa que, cercado pela violência da região metropolitana de São Paulo, onde no Brasil a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado, Cadu, filho de Teresa, aos 10 anos sonha conhecer o mar.

Som de Papel de Fábio Alves, Larissa Reis e Victor Mauricio Borba conta a estória de Ana C., uma estudante de teatro que sonha em ser escritora, vive num mundo muito particular até que conhece Tato, aquele que será o violonista de sua peça teatral. Daí, o rumo de sua escrita ganha um novo contorno.

Confira o trailer de Cavalo Concreto: