CAFUÇU ATORMENTADO
Wolverine: Imortal aposta em trama densa e traz lado mais psicológico do personagem
Por Paulo Floro
Da Revista O Grito!
O filme inteiro de Wolverine é uma grande surpresa. Esta segunda aventura do mutante mais famoso dos quadrinhos surpreende pelo fato de responder a todas as críticas antecipadas que fazemos a um blockbuster como esse: desnecessário, redundante, apelativo. Acontece que Wolverine: Imortal, dirigido por James Mangold, é um longa de ação equilibrado e que traz a proposta de ser o mais psicológico das adaptações de super-heróis no cinema.
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Na trama Logan está deprimido e isolado após matar Jean Grey em X-Men 3: O Confronto Final. Na ocasião, após encarnar a entidade Fênix, ela estava prestes a causar um genocídio. Sofrendo com a culpa e decidido a não mais ser um vigilante, ele é encontrado pela jovem espadachim Yukio (Rila Fukushima). Ela rodou o mundo a mando de seu chefe, o rico empresário Yashida (Hal Yamanouchi), um homem salvo por Logan na tragédia da bomba atômica de Nagasaki e que deseja entregar um presente ao velho amigo. A partir daí diversas subtramas tem início e envolvem a máfia japonesa Yakuza e até a mutante Víbora, interpretada pela russa Svetlana Khodchenkova.
Wolverine: Imortal é um filme existencialista e se relaciona com a ideia central do personagem, que nos quadrinhos sempre foi marcado por um conflito com seu passado. Esse é outro ponto a favor, já que se comunica diretamente com os fãs. Apesar se ser praticamente onipresente em diversos supergrupos, o herói é atormentado pelo fato de seguir vivo por séculos e isso o transformou em alguém solitário. Com seu fator de cura avançado, poderá viver para sempre. A imortalidade é um tema bastante complexo e é de se espantar que Mangold tenha conseguido trabalhar o assunto em um blockbuster que pede tanta ação como esse. A trama ainda traz personagens e referências japonesas, outro elemento formador na construção da personalidade de Logan. Ele é na verdade um Ronin, um samurai sem mestre.
Com a aventura passada no Japão, o diretor James Mangold ficou mais livre para criar um filme que não dependesse tanto de ligações com outros filmes da franquia, sobretudo o péssimo X-Men Origens: Wolverine. A presença de Jean Grey morta assombrando os sonhos é recorrente, mas não chega a desviar a atenção da trama principal. Mangold, responsável por Garota, Interrompida e Johnny & June conseguiu assim a liberdade que precisava para entregar um filme equilibrado de ação que falasse aos fãs, mas que pudesse se garantir por sua própria história. E de fato há muitas cenas de ação incríveis, bem ao estilo 007 (ou seja, bem caras) e outras esdrúxulas como um bom filme japonês de ninjas pede.
O que complica Wolverine: Imortal para ser um clássico desse gênero moderno de super-heróis nas telas é o fato de ter caído na tentação de resolver tudo de maneira muito simplória ao final. Depois de tantas tramas e subtramas fazendo referência ao passado e criando uma expectativa no espectador, o desfecho deixa bastante a desejar. Mas no geral, Hugh Jackman segue perfeito em sua caracterização do personagem, dando substância a um herói tão complexo quanto Wolverine. O longa se aproxima de X-Men: Primeira Classe, de Matthew Vaughn, no sentido que se arrisca em ir além do óbvio em uma adaptação das HQs para as telonas.
Depois de alguns filmes em que tentava se encontrar (X-Men, X-Men 2) e outros muito ruins (X-Men Origens: Wolverine), a Fox parece ter conseguido iniciar uma franquia de personagens Marvel com substância e alguma relevância, como faz a Marvel Studios com Vingadores, Thor, Capitão América, etc e a Sony com o Homem-Aranha. Por isso, não esqueça de esperar a cena pós créditos, que é emocionante.
WOLVERINE: IMORTAL
De James Mangold
[The Wolverine, EUA, 2013 / Fox]
Com Hugh Jackman, Tao Okamoto, Rila Fukushima
Nota: : 7,4