DEPOIS DO CHILLWAVE
Toro Y Moi sensualiza para o pop e tenta ir além do estilo que o consagrou
É sempre complicado ter um gênero como amarra, como é o caso de Chaz Bundick, americano que atende pelo nome artístico de Toro Y Moi. Neste seu terceiro álbum, Anything In Return, percebemos que ele domina como nenhum outro artista o gênero chillwave que ele ajudou a construir e tornar famoso. E o trabalho é uma clara tentativa de ir além e traduzir esta sua proposta em algo mais pop, comercial.
Por isso, Anything In Return é menos experimental que seus discos anteriores, sobretudo o muito elogiado Underneath The Pine, quando ele explodiu no cenário alternativo (odiamos esse termo). Chaz agora quer posar de galã – um galã meio troncho, mas ainda assim um galã. Ele quer aparecer mais, como uma espécie de dândi exótico, se aproveitando dos genes trazidos por seu pai negro e mãe filipina.
Tudo está refletido no disco, de alguma maneira. Há espaço momentos sexies, de influência R&B, Hip Hop (discreto) e pop do mais puro pedigree, tudo embalado com camadas de música eletrônica. Pelos dois clipes lançados até aqui, dos singles “Say That” e “So Many Details”, conseguimos entender melhor as novas ideias artísticas de Chad e como ele está tentando se vender ao seu público e também ao mercado. Olha ele lá deitado numa floresta, namorando com a câmera. Ou ele bem vestido, elegante, lançando um olhar como se sensualizasse.
Seu trabalho como produtor segue esmerado. É um disco para ouvir repetidas vezes, tentando apreciar as muitas camadas que ele criou com muitos instrumentos e samplers. Mas, como muitos trabalhos de transição, Toro Y Moi decidiu não optar pela ruptura, e vemos alguns momentos que ficam aquém do que ele já fez antes. Por outro lado, temos coisas ótimas como “Cake”. Além de agradar fãs de bandas como Washed Out e Neon Indian, Chaz Bundick quer ir além. E faz muito bem. [Paulo Floro]
TORO Y MOI
Anything In Return
[Carpark, 2012]
Preço: US$ 10 (importado) ou via iTunes
Nota: 7,7