Crítica: The Walking Dead chega ao fim

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RETORNO DOS MORTOS-VIVOS
The Walking Dead encerra segunda temporada com recorde de audiência, mas ainda sem conseguir equilibrar discurso ético com narrativa de horror

Por Paulo Floro
Da Revista O Grito!

Terminou nesta terça (20) a segunda temporada de Walking Dead, série da AMC exibida no Brasil pelo canal pago Fox. Foram treze episódios contando a trajetória de sobreviventes de um apocalipse zumbi refugiados em uma fazenda. Mesmo com críticas de marasmo e falta de ritmo, a série chega ao fim como um fenômeno de audiência na TV. O último capítulo teve 9 milhões de espectadores, uma número impressionante.

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Iniciada em outubro do ano passado, a segunda temporada da série começou com a promessa de mais ação depois da demissão de seu antigo produtor e diretor Frank Darabont, que apesar do sucesso da estreia no ano anterior, foi criticado pela narrativa irregular. Glenn Mazzara foi chamado para dar um novo direcionamento e conseguiu encontrar um estilo marcante, apesar das reclamações dos fãs.

Sua proposta foi apostar nas discussões éticas utilizando os zumbis como referência para a perda total de humanidade por parte dos sobreviventes. Isolados em uma ilha de segurança e normalidade – a fazenda de Hershell, veterinário que por meses escondeu no celeiro parentes e amigos transformados em zumbis – os personagens passaram a maior parte do tempo conversando.

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Falam sobre suicídio, assassinato de prisioneiros, destrincham o triângulo amoroso de Rick (Andrew Lincoln), Shane (Jon Bernthal) e Lori (Sarah Wayne Callies), comentam sobre morte, futuro, paternidade. Há até tempo para um romance pós-adolescente quase pueril, entre Glenn (Steven Yeun) e Maggie (Lauren Cohan). A cada episódio, é grande a expectativa de uma ação mais eletrizante envolvendo os “walkers” (traduzidos aqui como “zumbis”) e o elenco principal. Mas, essas cenas são pontuais.

Um dos momentos de maior tensão se deu no aparecimento da menina Sofia. Após mais de seis episódios em uma procura sem futuro, ela apareceu transformada em zumbi no final da primeira metade desta temporada, exibida ano passado. A maior crítica ao produtor diz respeito ao tempo arrastado com que a história é contada. Assim como aconteceu com Sofia, outras sub-tramas poderiam ser resolvidas mais rapidamente, dando mais agilidade ao seriado.

Nesse masoquismo, o público segue acompanhando a série com atenção. Recorde de audiência, vivemos a esperança de uma saída para aqueles personagens, uma mudança de direção, medidas desesperadas que os coloquem em perigo, mas ao menos os tirem dali. A produção segue tentando debater razões para o apocalipse. Somente no último episódio, todas as tramas são finalizadas e vimos o melhor que a série pode oferecer.

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Os quadrinhos de Robert Kirkman em que a série se baseia consegue balancear a abordagem conceitual do pós-apocalíptico com o ritmo tenso de uma narrativa de horror. Sua versão para TV ainda precisa achar esse equilíbrio.

A invasão da fazenda por uma horda de zumbis é de causar repulsa e muitos sustos. Os pântanos secos e o barulho do tiro que matou Shane chamou atenção dos mortos-vivos. A próxima temporada está prevista para outubro deste ano. Os fãs seguem com a esperança renovada de menos monotonia para o futuro dos sobreviventes.

Criada em 2010 por Frank Darabont, Walking Dead teve uma primeira temporada com apenas seis episódios. Por causa do sucesso, o canal AMC (o mesmo de Mad Men) decidiu renovar, mudando de produtor. O último episódio vai ao ar hoje na Fox (dublado) e na Fox/NatGeo HD (legendado), às 22h.

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Uma das cenas finais da segunda temporada de Walking Dead (Foto: Divulgação/AMC)

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