VELHA ESSÊNCIA
The Shins retorna com nova formação, mas com a velha proposta de embalar corações de indies emotivos
Muita coisa pode acontecer em cinco anos, tempo que separa o Wincing The Night Away, último disco lançado pelo The Shins em 2007, do recente Port of Morrow. Muita coisa pode acontecer e, ainda assim, passado todo esse tempo, James Mercer, único membro remanescente da banda The Shins – sim, aquela banda que Natalie Portman diz que vai mudar a sua vida em uma clássica cena do filme Hora de Voltar – parece não ter esquecido como fazer um álbum capaz de fazer com que sua vida, ainda que não se torne melhor, no mínimo se torne mais suportável.
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E isso ele faz com muita propriedade. Mesmo se aproximando de alguns apetrechos mais eletrônicos, o que já era previsto, dado o seu contato com Danger Mouse para a formação de um projeto chamado Broken Bells – que rendeu um álbum e um EP, ambos de muita qualidade, diga-se de passagem – ainda é capaz de fazer você se deitar na cama e repensar a sua vida inteira. E por que não deixar cair algumas lágrimas enquanto escuta a belíssima “It’s Only Life”, terceira faixa do álbum.
Não se pode dizer que esse álbum é tão grandioso quanto Oh, Inverted World ou Chutes Too Narrow, trilha sonora do dia-a-dia de muitas pessoas por aí ainda hoje. No entanto, dadas as palminhas contagiantes de “No Way Down”, até os refrões que são de fácil absorção como em “Bait and Switch” e na livre “Simple Song”, que mais parece recém saída de um dos antigos álbuns do The Shins, mostram que a essência é a mesma, e pode ser vista no bonito clipe que foi feito para a música.
Em suma, “Port of Morrow” mostra que não importa quem esteja por trás dos outros instrumentos da banda, que agora conta com integrantes já conhecidos do cenário independente norte-americano, como o baterista da Modest Mouse. The Shins mantém sua essência com James Mercer, mostrando ao mundo que não é preciso mais do que um coração para se fazer um ótimo álbum.
THE SHINS
Port Of Morrow
[Interscope/Columbia, 2012]
Nota: 8,5