O DISCURSO DA MESMICE
Kylie Minogue volta à pista de dança evocando a Deusa do Amor em novo disco intitulado “Aphrodite”
Por Fernando de Albuquerque
Editor da Revista O Grito!, no Recife
Diva, Rainha, Deusa. Se formos listar a quantidade de identificações divinas e reais que estão relacionadas às cantoras contemporâneas o Panteão do Mundo Pop parece interminável. E a balela continua indiscriminadamente. Faça uma experiência. Enumere a quantidade de vezes que Lady Gaga foi nomeada “diva”. Agora experimente a o número de inscrições que relacionam “rainha” com Kylie Minogue. Deu uma googlada? Então repita comigo: Kylie é ruim! Tal como um mantra.
Ela está para o mundo assim como Joelma está para nós. Faz sucesso, sim! A música é super dançante, sim! Mas sejamos sinceros…não passa de mais um enlatado provinciano, cujos os acordes foram compostos para serem vendidos. Mas vamos ao protocolar, por que a notícia está quase velha.
Depois de três anos, Kylie Minogue contra-ataca com mais um álbum. Intitulado Aphrodite cada música do disco da bonita fala de relacionamentos, tapas na bunda, prática sexual e por aí vai. Qualquer semelhança com a orda de bandas bregas com letras de baixo calão é mera coincidência. Ademais, ainda temos a barreira da língua para atravessar. São 12 músicas cuja falta de criatividade começa logo em seus títulos. “All The Lovers” (veja o vídeo clipe no final do texto), “Everything Is Beautiful”, “Cupid Boy” e “Can’t Beat The Feeling”, só para citar as mais latentes.
Vamos ao faixa a faixa. Quem abre o disco é “All the Lovers” onde a cantora repete à exaustão que “todos os amantes do mundo não se comparam à você”. A música é o primeiro single lançado. Ela encarna uma “Deusa do Amor” que distribui sua paixonite sobre seus súditos. Em “Get Outta my Way” ela fala do ex dizendo que outro já toma o lugar dele e jogando na cara do presuntivo rapaz tudo o que ele não quer ouvir. “Put Your Hands Up (If You Feel Love)” é a terceira música e como o título diz: coloque as mãos pra cima se você ama. Nada mais para ser dito sobre ela.
A quarta faixa é quase um pastiche. Parece que estamos ouvindo o Daft Punk e talvez seja a melhor do disco inteiro, pois foge daquela receitinha tradicional do poperô. Vamos pular a quinta. A sexta é a faixa título do disco, “Aphrodite”. E aqui ela encarna o refrão daquele pessoal que tem o ego em baixa e precisa ficar repetindo que tudo vai dar certo no final. Aqui ela entoa (em tradução livre e descompromissada): “Eu sei que você sentiu minha falta, porque eu estou sempre indo e voltando, mas você sabe que há algo de mágico em mim, que só eu faço te sentir deste jeito, eu sou a única, eu sou a garota dourada, eu sou Afrodite, e você não vai querer brigar comigo”
Não é preciso falar mais nada. A verdade é que “Kylie fez mais um disco dançante com as raízes bem incrustadas no Pop”. Esse é o discurso.
KYLIE MINOGUE
Aphrodite
[Parlophone, 2010]
Nota: 1,0
All The Lovers