Crítica: Namor – Profundezas

Namor As Profundezas

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VOLTA AO TRONO
Em novo lançamento da Panini, Namor ganha, enfim, uma HQ pra chamar de sua

Por Tarsio Abranches
Colaboração para a Revista O Grito!

Namor As ProfundezasNos anos 1930 e 1940, ninguém queria saber muito de Wolverine, ou um cara que escalasse paredes e tivesse poderes proporcionais a uma aranha. Eles até poderiam rir de uma idéia dessas, quem sabe. O que eles queriam mesmo saber era de Namor, o Príncipe Submarino, um dos primeiros heróis do então iniciante Universo Marvel. Naquela época, nas histórias publicadas, o personagem era o máximo e o seu nome fazia tremer o coração de qualquer um que respirasse pelos pulmões. Com o passar do tempo, porém, Namor se tornou apenas uma ameaça ao casamento de Reed Richards. O encadernado Namor: Profundezas, lançado pela Panini, tem a tarefa de dar ao personagem uma história à altura de sua importância na Marvel, e uma obra relevante em que não seja um coadjuvante.

Antes mesmo da corrida espacial entre URSS e EUA dar seus primeiros passos, nós acompanhamos a jornada do Doutor Stein, contratado para investigar o sumiço em águas profundas do Capitão Marlowe e sua tripulação, quando estes buscavam pela cidade perdida de Atlântida. Conhecido como o Grande Desmistificador, racionalista por excelência, Stein encontra-se a bordo de um submarino repleto de marinheiros supersticiosos que acreditam que alguém os espera nas profundezas, um terror conhecido pelo nome de Namor.

Logo o professor começa a se irritar com os temores de sua tripulação e os proíbe sequer de mencionar o nome de Atlântida ou de Namor. A tensão acaba por aumentar à medida que descem até os limites desconhecidos do oceano. Coisas estranhas acontecem, um homem no escuro das profundezas parece observá-los. Mas Stein não cede ao mito e continua a forçar os homens cada vez mais insatisfeitos a seguirem o curso da aventura.

A grande cartada da história é não colocar Namor como protagonista e, sim, como um mistério do qual você só tem alguns vislumbres. Nada de sunguinhas de escamas ou longos papos a la Greenpeace sobre como os humanos estão ameaçando os oceanos. A belíssima arte de Esad Ribic nos mostra um Namor de olhos negros, sem pupila, pele pálida, dentes afiados, um ser quase onipresente no mar.

A narrativa é guiada pela voz em 1º pessoa do Dr. Stein, enquanto escreve em seu diário, o que leva à  HQ, uma atmosfera fantástica de Júlio Verne e outras obras das quais faz citações diretas como Moby Dick, de Herman Melville. É possível tambén lembrar também ao ler de Alien – O oitavo passageiro.

É uma obra altamente recomendável par quem gosta daquelas histórias que se interessam no psicológico dos personagens, antes de tudo. E no caso de uma HQ, sem muita aventura e porrada. É difícil ver Namor como super-herói em histórias regulares. Este volume comprova o quanto o personagem pode dar origem a bons argumentos.

NAMOR – PROFUNDEZAS
Peter Milligan (texto) e Esad Ribic (arte)
[Panini, 128 págs, R$ 22,9]

NOTA: 8,0

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