Cheio de personalidade, dupla Letuce chegam com proposta ousada para MPB em segundo disco
Por Paulo Floro
É difícil para uma banda ousar sair da zona de conforto da música popular brasileira. E nem estamos falando de experimentalismo. Utilizando todos os elementos do cancioneiro pop simpático aos ouvidos, a dupla carioca Letuce consegue inovar tanto nas letras quanto na proposta sonora nesse seu segundo disco, Manja Perene. Paisagens nonsense sugeridas e vocal bem espontâneo chamam atenção.
O casal Letícia Novaes e Lucas Vasconcelos conseguiram levar para este segundo registro toda a descontração de seus momentos em estúdio. Quase todas as músicas terminam com fragmentos de conversas entre os dois, comentários sobre a faixa, pequenas pintas, brincadeiras. Sinergia perfeita que cria um ritmo consiso, ótimo para se ouvir de uma tacada só.
Faixas como “Cataplof” e “Medo de Baleia” são quase naive, com uma proposta bem ‘absurdinha’ que tem um leve cheiro de Mutantes. Outras cativam com trechos como “para curar a insônia talvez eu tenha um bebê” (“Insoniazinha”). As faixas em inglês dão uma boa quebra nas letras em português, como a ótima “Freud Sits Here” e “Chess Trip” cheia de bossa carioca.
Cheio de personalidade, o Letuce aprimorou bastante suas melodias desde seu primeiro disco, Plano de Fuga Pra Cima dos Outros e de Mim (2009), que já trazia momentos criativos (a ótima faixa “Potência”), mas com proposta bem menos ousada e bem resolvida do que esta.
Há de se louvar tanta personalidade de uma banda como o Letuce. Ainda que algumas faixas lentas demais diminuam o ritmo bem perto do final do disco, Manja Perene pede um repeat na audição. Difícil saber se o grupo vai conseguir chegar a uma audiência maior com a preguiça melodiosa que o pop brasileiro acostumou-se. Mas, mereciam.
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LETUCE
Manja Perene
[Bolacha Discos, 2012]
[Recomendado]
Nota: 8.4